Título: Vale está em plena fase de negociação de preço do ferro
Autor: Vera Saavedra Durão e Francisco Góes
Fonte: Valor Econômico, 19/01/2005, Empresas &, p. B6

A Companhia Vale do Rio Doce está negociando um novo preço para o minério de ferro com todos os seus clientes, tanto da Europa, quanto do Japão. Ontem houve uma rodada de negociações com clientes japoneses. Para Roger Agnelli, presidente executivo da companhia, o mercado está favorável a um aumento de preço. Ele disse que o percentual de reajuste só será conhecido com o término das negociações. O mercado trabalha com a expectativa de reajuste de 40%. Agnelli diz brincando que acha pouco e lembra que o carvão subiu 119%. Ele desenha um cenário de produção apertado e admite que nem a própria Vale está conseguindo produzir para acompanhar a demanda das usinas siderúrgicas em todo o mundo. "Por mais que a gente queira aumentar a produção, a gente não está conseguindo. Existe uma realidade de mercado em nível mundial que está com um preço muito elevado. Então, estamos negociando para chegar a um bom termo, sempre com uma visão de longo prazo." Na sua avaliação, o mercado de minério só vai se estabilizar no início de 2007. Ele torce para um acerto o mais rápido possível, tendo como limite o primeiro trimestre. No ano passado, o acerto entre as partes ocorreu em abril. "Acredito que, quanto mais cedo se concluir esta negociação, melhor. Quer dizer, vai tomar o tempo necessário para ter boa negociação para o lado da Vale e para o lado do cliente." O executivo destacou que o preço do aço está subindo. "Subiu fortemente no ano de 2004, tanto em nível internacional, quanto local. O preço do minério de ferro em termos reais caiu. Estamos sem aumentar o preço do minério há um ano, sempre levando em consideração o relacionamento de longo prazo com os clientes. Nossos clientes têm aumentado, eu diria mais do que trimestralmente, o preço no ano." Karl Köhler, presidente-executivo da ThyssenKrupp Stahl, o braço siderúrgico do grupo alemão, que esteve com Agnelli, afirmou que os preços do aço devem subir ao final da atual rodada de negociações com clientes. Ele previu, no entanto, que a relação entre oferta e demanda de aço deve se estabilizar neste ano. "Nós temos condições de garantir essa estabilidade." O Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS) enviou documento ao governo federal mostrando que em dez anos os preços das matérias-primas subiram mais que o aço no mercado doméstico. (VSD)