Título: Lula garante que país não vai racionar energia até 2011
Autor: Capela, Maurício e Borges, André
Fonte: Valor Econômico, 15/05/2007, Brasil, p. A4

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil não passará por um novo período de falta de energia nos próximos anos. Durante evento que marcou a inauguração da expansão da capacidade produtiva de uma das fábricas da alemã Siemens no país, localizada em Jundiaí, o presidente assegurou que possui indicadores mostrando que o Brasil não terá racionamento até 2011. "E, depois disso, a garantia será o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)", afirmou.

A uma platéia de representantes do empresariado, como o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, funcionários da Siemens e políticos, como o vice-governador do Estado de São Paulo, Alberto Goldman, Lula rebateu as críticas de que o PAC está lento. "O PAC será a maior gestão na área de infra-estrutura já feita neste país." Mas o próprio presidente da Siemens no Mercosul, Adilson Primo, afirmou que o governo federal está lento em relação ao ritmo das ações do PAC em entrevista a um grupo de jornalistas antes da inauguração. "O PAC está lento. Falta uma pressão maior do governo na gestão de projetos e em relação à aprovação de medidas provisórias no Congresso. O PAC é essencial para o país."

Para Lula, as obras vão sair do papel, mas serão feitas com responsabilidade. "Quando se trata de produzir energia, tem gente que gosta de vender facilidades. Mas este país tem lei, tem Ministério Público, tem Ibama e não vamos cometer nenhuma insanidade", afirmou.

Ciente de que as grandes obras hidrelétricas são alvo de discussão no governo, como as usinas do Rio Madeira e de Belo Monte, o presidente Lula foi claro ao dizer que não existe briga entre ministros. "Caso exista divergência, essa divergência é levada à mesa do presidente. Portanto, não há brigas entre a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e da Casa Civil, Dilma Rousseff."

Mais tarde, Lula foi à inauguração da fábrica da Dell Computadores, no município de Hortolândia, interior paulista. Lá, em discurso, disse que até 2010 todas as escolas públicas do país terão laboratórios de computação e acesso à internet para os alunos. "Não é só levar computador para as escolas, tem que dar acesso à fibra óptica", disse. "Até 2010, todas escolas de ensino médio terão acesso à banda larga", prometeu.

O presidente aproveitou a ocasião para fazer um balanço tecnológico do país. Afirmou que iniciativas como a Lei do Bem, o Computador para Todos e o PAC fizeram com que o computador deixasse de "ser coisa de rico", passando a fazer parte das compras de classes menos favorecidas, o que reduziu pela metade a pirataria do setor.

No ano passado, disse, 2,2 milhões de pessoas compraram seu primeiro computador. Ao total, mais de 8 milhões de equipamentos foram vendidos. Ao citar os benefícios fiscais concedidos pela Lei do Bem, o presidente lembrou ainda que 84% das compras feitas em 2006 estiveram dentro do limite de valor proposto pela lei, que até o ano passado isentava de PIS e Cofins as máquinas com valor até 2,5 mil. Neste ano, os benefícios foram estendidos para equipamentos com preço de até R$ 4 mil.

A comitiva incluiu o ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, que aproveitou para mencionar avanços nas negociações para a indústria de semicondutores. Segundo Rezende, estão em análise na Câmara dois projetos de lei que prevêem mais benefícios para a indústria de semicondutores. Ele disse que vem sendo procurado por empresas interessadas em instalar fábrica de chips e conversores de TV digital no país.

Já no programa de rádio Café com o Presidente, Lula disse ontem que no encontro que teve com o papa Bento XVI, pediu que ele divulgasse os biocombustíveis. E, também, que discutisse "como fazer para ajudar os países africanos, que podem ter no biodiesel a solução de desenvolvimento que não tiveram no século XX". (Colaborou Paulo de Tarso Lyra, de Brasília)