Título: Aécio e Serra fazem trégua na disputa interna por 2010
Autor: Felício, César
Fonte: Valor Econômico, 15/05/2007, Política, p. A6

Os governadores de Minas Gerais, Aécio Neves, e de São Paulo, José Serra, procuraram ontem dar uma demonstração de que foi estabelecida uma trégua na disputa interna do PSDB pela candidatura presidencial em 2010.

Sorridentes, Aécio e Serra chegaram juntos ontem à noite ao Jockey Club de São Paulo, onde o governador mineiro foi homenageado com a realização de um páreo com seu nome. "Tanto Serra quanto eu temos responsabilidades e seria um desrespeito ao povo mineiro e ao povo paulista inverter a agenda", disse Aécio Neves, horas antes de fazer um discurso a 150 empresários em tom de candidato à Presidência.

"A gestão pública eficiente é um instrumento para a melhora dos indicadores sociais. Só com uma gestão condicionada a metas estabelecidas poderemos avançar. Alguns pensam que isso é a volta do Estado mínimo. O o que existe, na verdade, é o Estado necessário, ágil, desburocratizado e com propostas claras. Sempre deixamos prosperar a noção de que o setor público é ineficiente por natureza. A grande tarefa para a minha geração é mostrar que o Estado pode ter eficiência", afirmou.

Defensor de uma estratégia política de confrontação com o governo federal, contrária à linha estabelecida pelos dois governadores, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sinalizou que concorda com a diminuição do debate sucessório: "Os governadores agora estão empenhados em governar bem. Isso é muito importante".

Aécio Neves desmentiu que possa vir a se filiar ao PMDB para garantir uma candidatura presidencial. "Não há nenhuma possibilidade disso", afirmou o mineiro, que, na semana passada, encontrou-se em Brasília com a cúpula pemedebista. Na homenagem de ontem, era previsto o comparecimento do presidente do PMDB, Michel Temer, e do governador do Rio de Janeiro, o pemedebista Sérgio Cabral, que cancelaram as presenças horas antes.

Compareceram amigos íntimos do governador mineiro, como o apresentador Luciano Huck e o empresário fluminense Alexandre Accioly, além de alguns dirigentes patronais, como o presidente do sindicato que representa a indústria imobiliária, Romeu Chap Chap. Na sala ao lado, o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, estava apresentando a sua plataforma para a reeleição a uma platéia de grandes empresários, mas os dois públicos não se misturaram.

Fora integrantes da bancada tucana, compareceram apenas os deputados Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e Jorge Tadeu Mudalen (DEM-SP).