Título: Governistas e oposição disputam comando da CPI do Apagão no Senado
Autor: Ulhôa, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 15/05/2007, Política, p. A9

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado para investigar a crise aérea deflagrada depois do acidente entre o boeing da Gol e o jato Legacy, em setembro, será composta hoje em meio a uma queda-de-braço entre governo e oposição pelo comando da investigação. A oposição não abre mão de ocupar o cargo de relator, enquanto setores da base aliada defendem que os dois cargos mais importantes - presidente e relator - fiquem com os governistas.

"O clima dos trabalhos da CPI dependerá do sucesso - ou insucesso - da negociação entre governo e oposição na instalação da comissão", alerta o líder do DEM, José Agripino (RN). Ele defende que a relatoria seja entregue ao senador Demóstenes Torres (DEM-GO). "Os dois cargos divididos entre governo e oposição estabelecerá uma correlação de forças correta", afirmou Agripino.

Setores do PT defendem que, como os governistas são maioria (sete dos 13), o cargo de presidente seja disputado no voto. Como o presidente é quem escolhe o relator, isso garantiria os dois postos à base aliada. "Para evitar tensionamento, defendo negociação para dividir com a oposição os dois principais cargos", disse o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR). Ele está preocupado em começar os trabalhos em clima de entendimento.

Os líderes deverão indicar hoje os representantes para a CPI do Apagão Aéreo e também para a das ONGs, que vai investigar os repasses de recursos públicos às organizações não-governamentais. As duas serão instaladas amanhã no Senado. Mas a mais polêmica é a da crise aérea.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), reúne hoje os líderes partidários para definir as regras. A líder do PT, Ideli Salvatti (SC), defende que a composição da CPI seja baseada no tamanho dos blocos partidários e não dos partidos isoladamente. Esse critério prejudica o PMDB, que individualmente tem a maior bancada de senadores (20), mas perderia para o bloco governista - o PT forma um bloco de 26 senadores com o PTB, PR, PSB, PCdoB, PRB e PP.

O líder do PMDB, Valdir Raupp (RO), disse ontem que as indicações devem seguir o critério da proporcionalidade partidária. Mas ele deixou claro que seu partido não irá brigar pelo cargo de presidente. Segundo ele, na bancada pemedebista ninguém está entusiasmado em assumir o cargo. "Os cargos de presidente e de relator não são coisas muito atrativas. Nos últimos tempos, quem assumiu esses cargos em CPIs do Congresso não teve muito sucesso politicamente. O desgaste não compensou", afirmou Raupp.

O líder pemedebista vai formalizar suas indicações hoje, mas a lista, ontem, era composta dos senadores Gilvan Borges (AP), Leomar Quintanilha (TO) e Wellington Salgado (MG), como titulares. Os líderes Raupp e Jucá seriam suplentes. O DEM indicou Antonio Carlos Magalhães (BA), Demóstenes Torres (GO) e Agripino. Ficariam como suplentes Romeu Tuma (SP) e Raimundo Colombo (SC).

Os integrantes do PSDB serão Sérgio Guerra (PE) e Mário Couto (PA). O líder Arthur Virgílio (AM) seria suplente. O PDT indicou Osmar Dias (PR). A líder do PT não fez suas indicações. O prazo termina hoje, pelo acordo firmado entre os líderes (Colaborou Paulo de Tarso Lyra)