Título: Dell injeta R$ 130 milhões no país
Autor: Borges, André
Fonte: Valor Econômico, 15/05/2007, Empresas, p. B1

A americana Dell Computadores inaugurou ontem as instalações de sua nova fábrica na cidade de Hortolândia, interior de São Paulo, unidade que será responsável por abastecer tanto o consumidor brasileiro quanto o mercado internacional. "Nossa previsão é que um terço da produção seja para exportação", disse ao Valor o vice-presidente para Américas da companhia, Paul Bell.

A construção da fábrica, anunciada há um ano, consumiu investimentos de R$ 130 milhões da empresa, segundo a Secretaria de Planejamento Urbano e Desenvolvimento do município.

Para atrair a companhia para a cidade - que já sedia as instalações da IBM desde a década de 70 - a prefeitura de Hortolândia abriu mão de impostos como IPTU e ITBI, e gastou R$ 1,3 milhão com infra-estrutura e a terraplanagem do terreno da empresa.

Além das vantagens tributárias, pesou na decisão a proximidade com a região sudeste, que hoje concentra 70% dos negócios da empresa no país; e a facilidade logística, com acesso fácil a rodovias e ao Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas.

A Dell, que hoje tem 1,2 mil funcionários no país, vai empregar inicialmente cerca de 500 pessoas na fábrica, mas a previsão é chegar a 3 mil profissionais até 2009. A produção em Hortolândia, disse o prefeito Angelo Perugini (PT), fará com que o PIB da cidade dobre até 2008, batendo R$ 6 bilhões.

No país desde 1999, a Dell concentrava sua fabricação na Grande Porto Alegre (RS). Com a transferência da produção para São Paulo, a sede gaúcha passará a operar como centro administrativo e de relacionamento com clientes.

A inauguração da fábrica contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cuja comitiva incluía o ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, e o ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi. Também compareceram o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia; e o presidente da Fiesp, Paulo Skaf.

Depois de visitar a fábrica, Lula destacou medidas como a Lei do Bem e o programa Computador para Todos, que incentivaram o mercado com a redução de tributos e a facilidade de crédito. "Temos duas novidades. A Dell desistiu de ir embora e passou a apostar do Brasil", disse o presidente. Quando a companhia montou suas instalações no país, oito anos atrás, a pirataria atingia índices alarmantes, em torno de 80%. Hoje este número é de 41%. "O computador deixou de ser coisa de rico", afirmou Lula.

Ao ampliar suas operações no país, a Dell tem pela frente o desafio de acelerar suas vendas para o varejo. Hoje, 85% de seu faturamento mundial está ligado a empresas e governo. A entrada em redes de varejo, porém, está descartada. "Continuaremos a trabalhar com nossa venda direta ao consumidor", disse Paul Bell.