Título: Bancos aguardam expansão do setor
Autor: Valenti, Graziella e Campassi, Roberta
Fonte: Valor Econômico, 15/05/2007, Empresas, p. B2

A preocupação com dinheiro não tira o sono dos administradores da rede privada de saúde quando sonham com ampliações. "Recurso não é o problema", ressalta André Staffa, diretor-presidente do Hospital São Luiz.

O conforto vem da liquidez no mercado financeiro brasileiro e internacional. Ele lista as possibilidades de captação do setor: vão desde o tradicional endividamento bancário, passam por debêntures e private equity e chegam ao lançamento de ações. "Recebo ligação de banco interessado em fazer nosso IPO quase todo dia."

Na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), o setor ganhou representatividade com a chegada de Dasa, Medial, OdontoPrev e Profarma. Mas Staffa deixa claro que não há pressa de ir à bolsa. No médio prazo, prefere private equity. Enquanto isso, utiliza os métodos tradicionais. Recentemente, obteve US$ 34 milhões do Banco Mundial.

A expectativa do setor financeiro é mesmo elevada. O diretor de investimento do banco alemão WetLB, Aristides Jannini, diz que nos Estados Unidos vários hospitais têm ações na bolsa. O interesse vem da perspectiva de crescimento. "A demanda doméstica reprimida é grande. Além disso, o setor tem capacidade de gerar divisas."

Há médicos do Sírio-Libanês com muitos pacientes estrangeiros - metade do total, em alguns casos. A fama do transplante brasileiros também atravessa fronteiras: a operação de fígado custa US$ 300 mil em Pittsburgh (EUA) ante US$ 50 mil do procedimento local.

A listagem de ações poderia ser interessante até mesmo para a credibilidade. "A bolsa aumenta muito a visibilidade e a transparência de um negócio", avalia o presidente Bovespa, Raymundo Magliano. Para ele, acesso a informação é garantia para investidores e também consumidores dos serviços.

O professor da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP), Alexandre di Miceli, destaca a flexibilidade financeira que o IPO traria. Sem a lucratividade e a segurança financeira não há perenidade das empresas. "Os hospitais não escapam dessa lógica."

As ofertas também poderiam acelerar a consolidação, pois são catalisadores desses movimentos. "Hoje, quem tem capital para fazer aquisições tem a chance de se tornar dominante", diz Fernando Barreto, da consultoria Primeira Consulta. Quem foi à bolsa levantou recursos para compras. A Dasa é exemplo claro dessa estratégia. (GV e RC)