Título: Grupo investe US$ 3,1 bi em níquel e ferro
Autor: Durão, Vera Saavedra
Fonte: Valor Econômico, 15/05/2007, Empresas, p. B7

O grupo Anglo American, terceiro no ranking mundial de mineração, está investindo US$ 3,1 bilhões no Brasil em negócios de minério de ferro e de níquel, informou sua presidente-executiva, Cynthia Carroll. Ontem, a executiva assinou contrato de transação com a mineradora MMX Mineração e Metálicos, numa parceria inicial de 49% - e depois com 50% -, numa segunda etapa, devendo investir US$ 1,9 bilhão nas duas fases do projeto Minas Rio. Mais US$ 1,2 bilhão estão sendo aplicados na usina de níquel de Barro Alto (GO), que vai produzir 36 mil toneladas ao ano de ferro-níquel a partir de 2009. Isso vai contribuir para a duplicação do potencial de produção deste metal pela multinacional para 90 mil toneladas até 2011.

Entusiasmada com o Brasil, que considera "maravilhoso para se operar", a executiva espera levar adiante "outras oportunidades de investimento no país", pois pretende que a companhia continue crescendo em minério de ferro, hoje um dos focos do grupo de origem sul-africano, baseado em Londres. A meta da Anglo American, como explicou Cynthia, é produzir 100 milhões de toneladas por ano de ferro dentro de cinco anos. Para isso, planeja expandir a produção de sua subsidiária Kumba, na África do Sul, das atuais 35 milhões de toneladas para 60 milhões até 2011.

Esta prevista ainda a ampliação dos 26 milhões de toneladas anuais de capacidade da MMX Minas Rio para no mínimo de 30 milhões na segunda etapa do projeto. A executiva, oriunda da Alcan, disse estar disposta a examinar novas frentes de negócios nesta área em todas as partes do mundo.

A Anglo, segundo disse ela ao Valor, deve terminar no fim deste ano o plano de reestruturação do grupo, iniciado em outubro de 2005. Neste processo, o grupo está se desfazendo de vários ativos, entre eles celulose e embalagens de papel e sua participação de 41% na Anglo Gold. "No fim do ano, a maior parte destes negócios não serão mais parte da Anglo e teremos um foco em mineração dentro da nossa empresa no mundo inteiro", afirmou Cynthia.

Os destaques na nova estratégia serão minério de ferro e diamantes. Há alguns anos, a participação da Anglo em ferro era pequena. Se alcançar 100 milhões de toneladas ao ano, a multinacional dá um salto de 3% para 11% na sua participação no mercado transoceânico.

Durante a assinatura do contrato com a MMX, no Palácio Laranjeiras, que contou com a presença do governador do Rio Sérgio Cabral e outros integrantes do governo, a presidente executiva da Anglo American foi o centro das atenções. Jovem, loura e bonita, ela foi citada nos diversos pronunciamentos do evento pelo seu "charme". O presidente da Firjan, Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, chegou mesmo a parabenizar Eike Batista, "pelo charme de ter trazido a Anglo American junto no projeto da MMX Minas Rio".

Em seu pronunciamento, a executiva retribuiu os elogios e confessou-se "emocionadíssima" por fazer parte do projeto que tem o apoio de Minas e Rio e vai oferecer emprego a milhares de pessoas". Foi bastante aplaudida ao afirmar "nós, da Anglo, estamos orgulhosos de colocar nossa locomotiva para levar este projeto à frente".

Cabral fez uma surpresa para Eike Batista e sua sócia Cynthia Carroll ao lhes entregar, por meio do presidente da Feema, Axel Grael, a licença de instalação do porto de Açu, em São João da Barra, no noroeste fluminense. Pelo local vai escoar o minério de ferro vindo por mineroduto das minas de Minas Gerais. O governador destacou também "a simpatia e o charme" da executiva da Anglo American, grupo que tem atividades no Brasil há mais de 30 anos - em níquel, ouro, nióbio e fosfato.

No evento, a executiva da Anglo American estava acompanhada de Walter de Simoni, presidente do grupo no Brasil e na Venezuela.