Título: Lula pede a Temer que apazigue disputa no PMDB por cargos
Autor: Ulhôa, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 17/05/2007, Política, p. A9

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva garantiu ontem ao presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), que os indicados do partido para cargos do segundo escalão e estatais serão nomeados. Negou veto do Palácio do Planalto a Luiz Paulo Conde, ex-prefeito do Rio de Janeiro, candidato a presidente de Furnas. Segundo pemedebistas, Temer foi informado no Palácio de que a resistência ao nome de Conde está localizada no PMDB do Senado. Partiria principalmente do senador José Sarney (AP), padrinho político do ministro do setor, Silas Rondeau (Minas e Energia).

A conversa de Lula com Temer causou mal-estar entre senadores do partido e reacendeu a tensão entre as bancadas das duas Casas. Até o fim do dia, senadores ligados a Sarney e ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), negavam que Conde seria nomeado. Diziam que o presidente pensava em acomodar o ex-prefeito em outro cargo, já que o próprio Lula anunciara a decisão de não fazer nomeação política para a presidência de Furnas, entre outros órgãos - como Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Petrobras e Eletrobras.

Os senadores, no entanto, negavam haver oposição a Conde na bancada da Casa. A interlocutores, Sarney disse não ter nada contra o ex-prefeito do Rio, de quem se disse "amigo".

Lula chamou Temer ao Planalto para pedir que ele tranqüilizasse a bancada - especialmente do Rio de Janeiro, de Minas Gerais e de Goiás, as que mais vêm pressionando -, que mostrava-se indócil com a demora nas nomeações e ameaçava rebelar-se contra o governo. Depois do deputado, o presidente recebeu o ex-senador Maguito Vilela, indicado pelo PMDB para ocupar uma vice-presidência de agronegócios do BB. Lula garantiu a nomeação de Maguito.

Depois da audiência com Lula, Temer mostrou otimismo e passou o dia tentando pacificar os deputados "O presidente vai resolver tudo positivamente. Ele quer, cada vez mais, fazer a integração do PMDB com o governo. A integração já se deu em vários pontos, no programático e no político. Agora, quer que essa integração se dê no plano administrativo. E o presidente está fazendo essa integração", disse.

Lula, segundo interlocutores, teria decidido nomear Conde não só para prestigiar a bancada do PMDB do Rio, que o indicou, mas também para agradar e fortalecer o governador Sérgio Cabral (PMDB). Seria uma forma de efetivamente ampliar o PMDB que participa do governo. No primeiro mandato do petista, o PMDB estava dividido e Sarney e Renan eram os interlocutores com o Planalto.

Além de Conde e Maguito, eram consideradas prioritárias para o PMDB da Câmara e nomeação do técnico João Augusto Henriques para a diretoria de exploração da Petrobras. A indicação foi feita pela bancada de Minas. As bancadas dos três Estados - Minas, Goiás e Rio - têm uma articulação conjunta na pressão pela confirmação dos cargos.

Maguito não confirmou o convite, mas deu a sinalização. "O Banco do Brasil é uma grande instituição. Tem grande responsabilidade no desenvolvimento do país e do agronegócio. Participar de um governo que está dando certo, progressista, é uma grande honra para qualquer homem público", disse.