Título: Brasil Telecom terá WiMax em municípios do Sudeste
Autor: Moreira, Talita
Fonte: Valor Econômico, 17/05/2007, Empresas, p. B3

A Brasil Telecom (BrT) tem planos de lançar, no segundo semestre, uma infra-estrutura de banda larga móvel em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, três municípios que não fazem parte de sua área de concessão.

A empresa irá oferecer serviços no padrão chamado de WiMax móvel a clientes empresariais, afirmou ao Valor o vice-presidente de operações da BrT, Francisco Santiago. O objetivo, segundo o executivo, é complementar o atendimento que a BrT já faz nessas cidades com fibra óptica (rede oriunda da MetroRED, adquirida em 2004).

Com isso, a BrT deverá levar o WiMax móvel - tecnologia ainda não disponível no país - às três capitais do Sudeste antes mesmo da Telefônica e da Oi (antiga Telemar), que atuam como concessionárias de telefonia fixa nessa região. "Temos condições de entrar em São Paulo em agosto ou setembro", disse Santiago.

A Brasil Telecom atende originalmente os Estados do Sul, Centro-Oeste e alguns do Norte.

A operadora pretende estrear comercialmente no mercado de banda larga sem fio em julho, em Curitiba e Porto Alegre. A Alcatel-Lucent fornecerá a infra-estrutura para a cidade paranaense. A concorrência para o município gaúcho, lançada no ano passado, será finalizada amanhã. O executivo da BrT não revelou quanto será investido no projeto.

De acordo com Santiago, nessas duas cidades e nas demais da área de concessão da BrT o WiMax será oferecido também a assinantes residenciais. Nesse caso, a tecnologia será um complemento à oferta de banda larga que a operadora já tem por meio de sua infra-estrutura fixa. "Vamos lançar o WiMax onde não temos rede de banda larga fixa e também nas áreas onde temos, mas não conseguimos atender toda a demanda", explicou.

Os preços e pacotes do serviço ainda estão sendo estruturados. As condições serão semelhantes às dos planos de internet fixa onde houver as duas tecnologias.

Ao comprar o controle da Vant, em 2004, a Brasil Telecom "herdou" licenças nas faixas de 3,5 gigahertz (GHz) e 10,5 GHz, respectivamente em 896 e 341 municípios. A maior parte deles fica na área da BrT. Até agora pouco utilizadas, essas faixas de freqüência tornaram-se cobiçadas pelas teles porque são propícias à instalação do WiMax.

O sistema que será adotado pela BrT, chamado de WiMax móvel, é um padrão tecnológico de banda larga sem fio que permite aos usuários acessar a internet e se deslocar pela área coberta sem perder a conexão, assim como acontece com o celular.

Trata-se de uma evolução do WiMax nomádico, que oferece acesso à web sem fio, mas não proporciona mobilidade. Por enquanto, há poucas operadoras no mundo utilizando a versão móvel, que foi homologada no ano passado pelo WiMax Forum, entidade que reúne teles e fabricantes com o objetivo de desenvolver a tecnologia.

De acordo com a associação, chegarão ao mercado neste ano os primeiros notebooks e computadores de mão adaptados ao WiMax - capazes de reconhecer uma rede nesse padrão.

Por enquanto, a maior parte das redes WiMax em construção no mundo todo ainda se refere ao sistema estático.

Porém, a Brasil Telecom concluiu que não valeria a pena investir nessa infra-estrutura e depois ter de substituí-la pela versão móvel, afirmou Santiago. "Fizemos testes com o WiMax há três anos e meio e estávamos prontos para lançar a concorrência entre os fornecedores em agosto de 2005. Mas decidimos adiar o projeto quando vimos que o desenvolvimento do padrão móvel estava quase concluído." O processo foi retomado em novembro do ano passado.

Além das freqüências que detém por meio da Vant, a BrT quer disputar uma licença nacional de WiMax no leilão da Anatel que está paralisado por questionamentos do TCU. O processo também está embolado porque as três concessionárias locais brigam na Justiça pelo direito de adquirir licenças em suas próprias áreas de concessão - algo que o edital não permite. A agência já admite a possibilidade de cancelar o leilão e reelaborar o modelo.