Título: Banco quer Besc mesmo sem folha de pagamento
Autor: Ribeiro, Alex
Fonte: Valor Econômico, 16/05/2007, Finanças, p. C10

O vice presidente de Finanças do Banco do Brasil, Aldo Mendes, disse que a instituição tem interesse em incorporar o Banco do Estado de Santa Catarina (Besc) mesmo que não leve junto a folha de pagamento de salários do funcionalismo estadual. A expectativa do banco é que, se houver acordo, o negócio esteja concluído em seis meses.

"A discussão sobre a folha de pagamento envolve governo do Estado e Tesouro Nacional", disse. "Mesmo que não vier a folha, o BB se interessa pelo Besc, mas evidentemente o valor do negócio será menor."

Segundo Mendes, o Besc é uma marca forte e com uma boa rede, em um Estado importante. Com ativos totais de apenas R$ 4,2 bilhões, o Besc equivale a apenas 1,4% do BB. O conglomerado inclui uma financeira e uma sociedade de crédito imobiliário, que despertam o interesse do BB. Em fins de 2005, o BB anunciou uma nova estratégia de negócios, que incluía a atuação no segmento de não-clientes e o início do crédito imobiliário. Para o BB, o ideal é que essas operações fossem feitas em empresas próprias. "Uma financeira permitiria uma maior especialização do negócio", afirmou. A abertura de uma financeira, porém, envolve alguma burocracia, como a aprovação pelo Congresso Nacional e pelo Banco Central.

O mesmo raciocínio se aplica para o crédito imobiliário. O BB começou a operar na área neste ano em uma parceria com a Poupex, associação de poupança e empréstimo ligada ao Exército, e pediu autorização para o BB para abrir uma carteira própria - a expectativa é que esteja em operação no segundo semestre. O Besc tem uma captação de R$ 1,6 bilhão em caderneta de poupança, mas aplicações de apenas R$ 73 milhões em crédito imobiliário. "Esse volume de captações permitiria que o BB usasse a força de sua rede de distribuição para fazer empréstimos imobiliários", disse Mendes.

Ele informou que a incorporação do Besc deverá obedecer a quatro passos. O primeiro, já dado, é a vontade das instituições. A fase seguinte, que está sendo tocada, é a avaliação jurídica. O modelo mais provável do negócio é a troca de ações. Os estudos jurídicos vão apontar se será necessário publicar uma medida provisória e se é preciso aprovação do Conselho Monetário Nacional.

O passo seguinte será a definição do valor do negócio. Serão contratados dois peritos para fazer a avaliação tanto do Besc quanto do BB. Além disso, o BB deverá fazer uma análise da situação financeira e das operações do Besc. O passo final é a formatação do negócio, quando será definido, por exemplo, se o Besc será mantido como uma marca separada ou incorporado ao BB. (AR)