Título: Lucro do BB cai 40% no trimestre
Autor: Ribeiro, Alex
Fonte: Valor Econômico, 16/05/2007, Finanças, p. C10

O Banco do Brasil lucrou R$ 1,409 bilhão no primeiro trimestre, resultado 39,9% menor do que os R$ 2,343 bilhões ocorridos no período correspondente de 2006. A queda, porém, se deve apenas a um fator episódico: no primeiro trimestre de 2006, o BB teve uma alentada receita de créditos tributários. Expurgado esse fator, o lucro cresceu. O resultado recorrente foi de R$ 1,4 bilhão, acima dos R$ 900 milhões do primeiro trimestre de 2006.

Da mesma forma que o lucro, o retorno sobre o patrimônio líquido médio anualizado caiu - passou de 63% para 29,4%, sempre na comparação entre o primeiro trimestre de 2006 e de 2007. Mas houve melhora do retorno recorrente sobre o patrimônio líquido, que subiu de 22,5% para 29,5%. Em dez dias o banco distribui 40% do resultado, o que equivale a um lucro por ação de R$ 1,71. O lucro recorrente cresceu porque, em um ambiente de queda de taxa de juros em geral, o BB vem conseguindo expandir a sua carteira de crédito a uma velocidade maior do que o resto do mercado bancário.

A carteira de crédito do BB cresceu 33% entre o primeiro trimestre de 2006 e de 2007, chegando a R$ 140,4 bilhões. Como o conjunto de bancos cresceu em um ritmo um pouco menos intenso, a participação do BB no mercado de pessoas físicas subiu de 10% para 11,2% no período. Os destaques foram o crédito consignado, que cresceu 99%, chegando a R$ 9,3 bilhões; e o crédito veículos, com alta de 387%, para R$ 1,2 bilhão.

A fatia do BB no mercado de crédito a pessoas físicas também subiu, passando de 14,9% para 16%. Nesse caso, o destaque foram as operações com médias e grandes empresas, que cresceram 47%, chegando a R$ 24,3 bilhões. Essa é uma nova tendência no mercado de crédito. As grandes empresas, até então, vinham preferindo fazer captações no mercado de capitais.

O vice presidente de finanças do BB, Aldo Mendes, disse que as grandes empresas estão demandando crédito para financiar fusões e aquisições e para investir. "Os juros para as grandes empresas são muito competitivos", disse. "Quando elas colocam na ponta do lápis os custos das captações, como comissões e despesas com advogados, às vezes vale a pena tomar empréstimos."

O efeito da queda dos juros sobre o balanço fica mais claro quando é analisada a margem financeira bruta do BB. Esse indicador representa a diferença entre as principais receitas financeiras - empréstimos e investimentos em títulos - e as principais despesas com a captação de recursos do público, como depósitos e repasses.

A margem financeira bruta aumentou de R$ 4,406 bilhões para R$ 4,852 bilhões, sempre entre o primeiro trimestre de 2006 e de 2007. Duas forças atuaram no período. De um lado, a queda dos juros teve um impacto negativo de R$ 4,085 bilhões na margem financeira bruta. De outro, o aumento do volume de crédito teve impacto positivo de R$ 5,234 bilhões na margem bruta.

As tarifas são outra receita que, ao longo dos anos, teve papel central na lucratividade do banco, mas que agora vem perdendo fôlego. As receitas com prestação de serviços cresceram 13%, para R$ 2,377 bilhões. É um crescimento acima da inflação, que gira em torno de 4% ao ano, e também acima do crescimento da base de clientes, que avançou 5,6%, para 24,6 milhões. Mas está abaixo do avanço de 19% do primeiro trimestre de 2006. Mendes disse que o aumento da competição entre os bancos impõe limites ao aumento das tarifas.