Título: Mão-de-obra do comércio cresceu 31,7% em cinco anos, mostra IBGE
Autor: Santos, Chico
Fonte: Valor Econômico, 18/05/2007, Brasil, p. A2

A Pesquisa Anual de Comércio de 2005, divulgada ontem pelo IBGE, mostrou que a mão-de-obra total empregada no setor cresceu 31,7% em cinco anos, saltando de 5,373 milhões em 2000 para 7,074 milhões em 2005. A receita operacional líquida aumentou 22,5% no mesmo período, atingindo R$ 940,229 bilhões no período avaliado. Segundo Eduardo Pontes, economista da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE, o crescimento das vendas foi concentrado, basicamente, nos dois últimos anos da série.

O resultado anual do comércio foi a primeira das pesquisas estruturais referentes a 2005 que o IBGE divulgará nas próximas semanas. Faltam as da construção, indústria e serviços. Essas pesquisas ganharam a partir de agora maior importância porque elas serão utilizadas entre os dados adicionais para a reavaliação do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro a cada ano. A reavaliação do produto de 2005 será conhecida em novembro deste ano. Técnicos do IBGE e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) ouvidos pelo Valor disseram não haver, por enquanto, como avaliar qual o tamanho da influência que a pesquisa do comércio terá na revisão do PIB.

Os dados do IBGE revelam que, de forma muito lenta, a região Sudeste, a mais rica do país, gradativamente está perdendo espaço na divisão nacional do bolo comercial para as regiões Nordeste, Norte e, especialmente, Centro-Oeste. Em 2000 a participação do Sudeste na receita total de revenda das empresas comerciais era de 55,8%. Em 2005 ela caiu para 54,1%. Ao mesmo tempo, as participações do Norte, Nordeste e Centro-Oeste passaram, respectivamente, de 2,8%, 13,2% e 7,7% para 3,2%, 13,5% e 8,7%.

Pontes, do IBGE, disse que entre os fatores para essa mudança, que ainda não pode ser considerada estrutural, estão o crescimento populacional maior nas outras regiões do que no Sudeste e também os programas de transferência de renda, como o Bolsa Família. A região Sul permaneceu com os mesmos 20,5% do total nas duas amostras.

A pesquisa do IBGE mostrou que o salário médio real do setor cresceu muito pouco em cinco anos, apenas 3,5%, refletindo o relativamente baixo dinamismo econômico do período, embora a massa salarial real tenha crescido 36,2%, conseqüência do aumento de pessoal no setor. Quando os salários médios são expressos em salários mínimos, os dados registram queda de 20% de 2000 para 2005 (de 2,5 para 2 salários), refletindo o maior aumento real do mínimo do que dos salários gerais nos últimos anos.

O levantamento mostrou que em 2005 o Brasil tinha 1,502 milhão de empresas, 34,5% a mais do que em 2000, distribuídas pelos segmentos de atacado, varejo e comércio de veículos, peças e motocicletas. O varejo é o segmento com maior participação no total do valor adicionado do setor, mas essa participação caiu de 58,5% para 52,1% em cinco anos.

Quem mais ganhou com isso foi o atacado, cuja participação passou de 29,9% para 35,5%. A do comércio de veículos ficou quase estável, passando de 11,5% em 2000 para 12,4% em 2005. Apesar de a troca entre atacado e varejo ter sido expressiva, o índice de mudança estrutural calculado pelo IBGE mostra que as variações ainda não significam mudança de fundo.

O atacado é o setor que responde pela maior parcela da receita operacional líquida do setor, com 44,5%. Dentro do atacado, o comércio de combustíveis responde por mais de um terço da receita (34,,2%). O varejo emprega 75% do pessoal e o atacado detém a maior produtividade em relação ao pessoal ocupado, R$ 45.415 por pessoa, ante R$ 13.341 do varejo e R$ 24.424 do comércio de veículos. Na média do setor, a produtividade é de R$ 19.243 por pessoa ocupada.