Título: País precisa disputar mercado consumidor chinês, afirma secretário
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Fonte: Valor Econômico, 18/05/2007, Brasil, p. A5

O Brasil precisa mudar sua estratégia em relação a China. No lugar de ficar focado no controle das importações provenientes do país asiático, o país precisa buscar oportunidades para ganhar um espaço cada vez maior no imenso mercado consumidor chinês, disse ontem Ivan Ramalho, secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento (MDIC).

Nas contas do governo, em um curto espaço de tempo - de dois a três anos - a China vai aumentar suas importações em US$ 200 bilhões, um aumento de 25% em relação aos US$ 800 bilhões que compra do mundo atualmente. "E a indústria brasileira pode ganhar uma parte expressiva deste mercado", disse Ramalho, que participou, ontem, de sessão de debates do XIX Fórum Nacional, no Rio de Janeiro. Em julho, diz ele, o ministério vai à China e quer levar uma missão de empresários industriais junto.

Na avaliação de Ramalho, o câmbio em torno de R$ 2,0 é "adequado" para uma parte expressiva da indústria brasileira. E as perdas são maiores na ponta importadora do que nas exportações, argumenta ele. Mesmo para setores como têxteis e calçados, diz, a concorrência no mercado interno tem sido mais nefasta do que a perda de vendas no exterior.

Para sustentar sua avaliação, ele usa os dados da exportação brasileira. "Nos primeiro quatro meses deste ano, as exportações estão crescendo 18% sobre o mesmo período do ano passado", disse ele, ressaltando que este percentual supera a alta de 10,8% embutida na meta de exportar US$ 152 bilhões este ano.

"Mesmo nos setores intensivos em mão-de-obra, como calçados e confecções, percebemos que as exportações ainda estão no mesmo nível do ano passado ou até crescendo", ponderou. "O Brasil não tem um problema de competitividade com o resto do mundo. O problema é em função da concorrência asiática", disse Ramalho, minimizando os efeitos que o câmbio a R$ 2 (ou menos) podem ter sobre a indústria brasileira.

Mesmo para setores onde os dados de volume exportado - calculados pela Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex) - mostram queda na comparação com 2006, Ramalho mantém a avaliação de as perdas são localizadas. "Alguns setores são mais afetados, outros menos, mas na soma, o resultado é positivo para o país", argumentou.(DN)