Título: Positivo negocia produção local do laptop de US$ 100
Autor: Borges, André
Fonte: Valor Econômico, 18/05/2007, Empresas, p. B3

A fabricante de computadores Positivo Informática está em negociações com a organização Um Laptop Por Criança (OLPC, na sigla em inglês) para participar do projeto popularmente conhecido como laptop de US$ 100. A empresa, conforme apurou o Valor, também tem conversado sobre uma possibilidade de parceria com a Quanta Computer, empresa Taiwan que, atualmente, é a única responsável pela fabricação mundial do equipamento, recentemente batizado de XO.

Nos últimos dias, uma comitiva formada com pessoal da Quanta e da fabricante de telas de computador Chimei veio ao Brasil para se encontrar com lideranças do governo que tocam o projeto idealizado pelo ex-professor do Massachusetts Institute of Technology (MIT) Nicholas Negroponte. O governo brasileiro sempre mostrou simpatia pela idéia de que a produção dos equipamentos seja compartilhada com empresas nacionais.

Até agora, porém, a Positivo só tem contrato firmado com a Intel, a gigante dos chips que criou o laptop educacional ClassMate para disputar com o projeto de Negroponte. Não por acaso, o pesquisador do MIT tem como fornecedor de processadores a AMD, a maior rival da Intel no mundo dos chips.

Em entrevista ao Valor, o presidente da Positivo, Hélio Rotenberg, lembrou apenas que a empresa faz parte de um grupo cuja especialidade é a educação. "Levar computação para escolas não é só oferecer hardware", disse. "Os projetos têm a necessidade de envolver sistemas e conteúdo."

No caso do laptop de US$ 100, as necessidades vão além disso: falta à OLPC um parceiro capaz de prestar serviços de logística e manutenção dos equipamentos, uma tarefa que, no Brasil, a Positivo teria capacidade de cumprir. A companhia, que hoje lidera o mercado nacional de PCs, tem parceria com 403 empresas de assistência técnica, que formam uma rede de serviços com cobertura em 5,2 mil municípios do país. Recentemente, a Positivo venceu uma licitação do Ministério da Educação, para fornecer 90 mil computadores. "É claro que, independentemente do projeto que o governo venha a priorizar, essa questão de suporte é fundamental", disse Rotenberg.

No fim do ano passado, a Intel anunciou o acordo de produção local com a Positivo e a CCE. O ClassMate, no entanto, ainda não foi fabricado no Brasil. Para o próximo mês, é aguardado um lote com mil máquinas vindas da Ásia, para testes em escolas. Outro nome que busca o seu quinhão do projeto Um Computador por Aluno (UCA) é a indiana Encore, que fechou parceria com a brasileira RF Telavo para montar no país o portátil Mobilis. Só a OLPC não tem parceiro local. Por enquanto.

Ao que tudo indica, o projeto de educação deverá entrar em uma nova fase. De Taiwan, a Quanta mandou seu recado. Depois de nove meses de atraso, anunciou que começará a produzir o XO em setembro, segundo informações da agência Bloomberg. A meta inicial é fabricar 40 mil laptops educacionais por mês, disse a executiva de design da empresa, Michail Bletsas. Até o fim do ano, o volume mensal deverá subir para 400 mil unidades. A previsão é de que o custo do equipamento fique em US$ 175 numa etapa inicial, chegando aos US$ 100 até o fim de 2008.