Título: Escola vai ensinar a investir
Autor: Batista, Vera
Fonte: Correio Braziliense, 24/12/2010, Economia, p. 13

MERCADO Redes pública e particular instruirão seus alunos a lidarem com dinheiro. Em 2011, o nível fundamental inicia a experiência

O presidente Lula, às vésperas do Natal, deu um presente ao consumidor brasileiro. Assinou o Decreto nº 7.397, que cria a Estratégia Nacional de Educação Financeira (Enef), uma política pública cujo objetivo prático é ensinar adultos e alunos da rede pública e privada a lidar com o dinheiro, no momento em que o Brasil vive o pleno emprego, com aumento da renda e crédito fácil para as classes C, D e E. A expectativa das entidades envolvidas na Enef é de que a sociedade desenvolva habilidades financeiras que ajudem a identificar as oportunidades e também os riscos nas decisões de compra ou de investimento no mercado financeiro.

José Alexandre Cavalcanti Vasco, superintendente de Proteção e Orientação aos Investidores da Comissão de Valores (CVM), assegura que os resultados preliminares do projeto piloto ¿ desenvolvido, desde agosto de 2010, em cerca de 900 escolas ¿ são muito bons. ¿Há relatos de que a experiência tem sido muito rica. Algumas escolas fizeram campeonatos, vídeos e demonstraram total integração ao conteúdo¿, destacou. A Enef, fruto de pesquisas iniciadas em 2007, foi desenvolvida em escolas de ensino médio, com aproximadamente 22 mil jovens em todo o país.

Nome sujo Em 2008, uma levantamento de caráter nacional identificou que o grau de educação financeira da população era muito baixo. Entre os aspectos positivos, demonstrou que 69% dos entrevistados faziam planilha dos gastos familiares e que 66% guardavam os comprovantes das compras. Porém, três de cada 10 pessoas ouvidas pagavam apenas o valor mínimo da fatura do cartão de crédito e um quarto estava com o nome sujo na praça.

Em 2011, a Enef será ampliada para o ensino fundamental, segundo Vasco. O projeto está sendo avaliado em conjunto pelo Banco Mundial e pela BM&FBovespa. O relatório final será divulgado no primeiro trimestre de 2011.

A estratégia foi criada pelo Comitê de Regulação e Fiscalização dos Mercados Financeiro, de Capitais, de Seguros, de Previdência e Capitalização (Coremec), formado pelo Banco Central, Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) e Superintendência de Seguros Privados (Susep).

O decreto criou também o Comitê Nacional de Educação Financeira (Conef), com a participação dos secretários executivos dos ministérios da Educação, Fazenda, Justiça e Previdência Social. O órgão será responsável pela elaboração, implantação e acompanhamento dos projetos e ações da Enef.

FITCH REBAIXA OS PORTUGUESES » A agência de classificação de risco Fitch rebaixou a nota da dívida soberana de longo prazo de Portugal para ¿A ¿, ante a avaliação anterior de ¿AA-¿, e advertiu que pode diminuí-la ainda mais, devido ao contexto econômico difícil e à lenta redução do buraco nas contas públicas do país. ¿A queda da classificação reflete a lentidão da redução do deficit e um contexto financeiro cada vez mais penoso para o governo português e os bancos, assim como o deterioramento das perspectivas econômicas a curto prazo¿, justificou a Fitch. Para a terceira maior agência avaliadora do planeta, o objetivo de ajuste orçamentário da nação europeia, de 4,6% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2011, ¿será muito difícil (de conseguir), especialmente se a economia entrar em recessão no próximo ano¿.