Título: Turismo na Bahia atrai grupos ibéricos
Autor: Patrick Cruz
Fonte: Valor Econômico, 27/12/2004, Empresas &, p. B1

O grupo português Reta Atlântico vai lançar no mês que vem a primeira etapa do Reserva Imbassaí, resort que vai receber um investimento total de R$ 220 milhões nos próximos oito anos. O primeiro dos três estágios do projeto, que será aberto ao público no final de 2006 e ocupará área total de 132 hectares, inclui um hotel de 253 apartamentos, 120 casas de condomínio, área comercial e de eventos, clube e centro náutico. "O mercado europeu está restrito a esse tipo de empreendimento", diz Paulo Seixas, gerente administrativo e financeiro do Reta Atlântico no Brasil, explicando a decisão do grupo de investir no país. Os portugueses chegaram ao mercado brasileiro há três anos, mas só agora, depois de estudar áreas de preservação, decidiram lançar seu primeiro empreendimento. O Reserva Imbassaí fica a 65 km ao norte de Salvador. A segunda fase do projeto prevê o lançamento de um segundo hotel, de 350 apartamentos, mais 160 casas nos condomínios residenciais e uma trilha ecológica. Na terceira e última fase será lançado mais um hotel - que elevará o número de apartamentos a 850 -, residências e centro eqüestre. Serão criados 660 empregos diretos na fase das obras, segundo o grupo, e outros 1,6 mil quando o resort passar a operar plenamente. O Reta Atlântico amplia o valor dos investimentos de uma grande leva de empreendimentos portugueses e espanhóis na indústria do turismo que têm aportado na Bahia e dá sinais de que deve continuar. O espanhol Iberostar, por exemplo, anunciou neste ano que vai investir US$ 250 milhões no Brasil, parte desse montante em um resort na Bahia, enquanto o português Vila Galé vai construir um hotel de R$ 60 milhões em Guarajuba, perto de Salvador. O também português Pestana, que investe R$ 20 milhões no Convento do Carmo, a ser inaugurado em setembro de 2005, quer ampliar sua presença no Estado. "Queremos algo que complemente nosso hotel na cidade. A idéia é ter algo que seja mais praia, seja mais areia e coqueiro", diz Luís Araújo, vice-presidente da rede Pestana no Brasil. O orçamento para o novo projeto ainda não está definido, mas será, segundo Araújo, menor que os R$ 45 milhões investidos na compra em reforma do Pestana Bahia, que tem 433 apartamentos e está nas mãos do grupo desde 2001. Outro grupo português, o HBS Turismo, que chegou a Salvador em outubro para oferecer cartões de viagens e trabalhar com uma agência, deve lançar já no próximo ano seu projeto de hotel próprio. Será um hotel de médio porte, com 60 a 70 apartamentos, mas que não deve ter uma classificação menor do que três estrelas, segundo Norberto Stanley Schlanger, sócio da JetStar Travel, que trabalha com o HBS. A maior proximidade da Europa, a freqüência dos vôos e incentivos fiscais ajudam a explicar os aportes na Bahia, segundo os próprios investidores. "Na Bahia, há um incentivo forte do governo ao turismo, além de uma coerência na política de divulgação do turismo com os outros estados nordestinos", diz Luís Araújo, do Pestana. "O euro valorizado em relação ao real também ajuda a atrair os europeus", diz Seixas, do Reta Atlântico.