Título: Wagner diz que passeio de lancha não prova intimidade
Autor: Ulhôa, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 22/05/2007, Política, p. A6

O governador da Bahia, Jaques Wagner, afirmou ontem não ter relações com o empresário Zuleido Veras, da Construtora Gautama, epicentro da rede de corrupção desmantelada pela Operação Navalha, da Polícia Federal. "Já o conheci antes, já o vi em avião, já o encontrei no Parlamento. Ele é uma pessoa que circula, mas não tenho nenhuma intimidade com ele", disse o governador.

Wagner e a ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, passearam em 25 de novembro do ano passado pela Baía de Todos os Santos, em Salvador, a bordo da lancha de nome Clara, de propriedade de Veras. No entanto, Wagner diz que apenas no último domingo soube que a lancha pertencia ao empresário. "O que eu acho que deve ser investigado é o benefício (da empresa). Eu estou no governo há cinco meses. Não tem nenhum negócio desse senhor com o governo".

Segundo o governador, o passeio com a ministra havia sido pré-agendado e o encontro serviria para tratar da fase de transição entre o mandato do ex-governador Paulo Souto (DEM, ex-PFL) e o de Wagner, que assumiria o posto em pouco mais de um mês. "Como eu não tenho lancha, pedi a um amigo de dentro de casa para me conseguir uma", afirmou ele.

O encarregado da tarefa foi Guilherme Sodré, ex-marido da atual primeira-dama do Estado, Fátima Mendonça - ela e Sodré têm um filho, Eduardo -, e amigo próximo da família. "Ele (Sodré) pediu emprestada (a lancha) para um amigo dele e, infelizmente, o amigo dele era esse cidadão (Zuleido Veras)", disse Wagner. Sodré, publicitário, já fez parte da Propeg, agência que prestava serviços ao antigo governo baiano. Segundo a Propeg, Sodré deixou a empresa há pelo menos quatro anos.

O ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, determinou que se fizesse um levantamento dos contratos da Gautama ligados ao Ministério. O resultado da apuração pode ficar pronto hoje, segundo o ministro, embora o prazo estipulado para o trabalho tenha sido de 15 dias, a contar desde a divulgação dos resultados da investigação da Polícia Federal, na última semana.

Sobre o ministro das Minas e Energia, Silas Rondeau, Geddel disse que a situação do ministro é "muito difícil". Rondeau foi acusado pela Polícia Federal de ter recebido propina de R$ 100 mil da Construtora Gautama e teria sido aconselhado por membros de seu partido, o PMDB, a se desligar da função.