Título: Ministro foi braço-direito de Fernando Sarney
Autor: Lyra, Paulo de Tarso e Ulhôa, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 22/05/2007, Política, p. A9

A ligação do engenheiro Silas Rondeau, maranhense de Barra do Corda, 54 anos, com o grupo político comandado pelo ex-presidente e senador José Sarney (PMDB-AP) começou em 1986. Então chefe de Departamento de Engenharia da Central Elétrica do Maranhão (Cemar), Rondeau assumiu uma diretoria da empresa, na época uma estatal do governo estadual. Sarney estava na presidência da República e o Maranhão era governado pelo aliado Luiz Rocha.

A empresa era presidida por Fernando Sarney, o filho do ex-presidente que cuida das atividades empresariais da família, e que hoje é um dos vice-presidentes da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Rondeau tornou-se um braço direito do então presidente da Cemar.

Rondeau permaneceria no cargo por oito anos, até que a ascensão de Fernando Henrique Cardoso à Presidência permitisse a sua indicação para cargos federais. Começou em uma assessoria da direção financeira da Eletronorte em 1995, complementou sua formação com dois cursos de MBA e tornou-se em 2000 presidente da Companhia Energética do Amazonas (Ceam), uma subsidiária da Eletronorte.

A posse de Lula marcou uma ascensão meteórica. Em janeiro de 2003, assumiu a presidência da Eletronorte. Quinze meses depois, já era o presidente da Eletrobrás, responsável pelo programa "Luz para Todos", a principal realização do ministério das Minas e Energia na gestão de Dilma Rousseff.

Quando a ministra migrou para a Casa Civil, Rondeau herdou seu lugar no primeiro escalão, apenas 14 meses depois de assumir a presidência da estatal, em uma solução encontrada por Lula que contemplava o grupo de Sarney com um lugar no ministério e ao mesmo tempo garantia continuidade na pasta.

Em 2006, o ministro prestou um tributo público ao seu padrinho. Dias antes da eleição, foi ao Amapá, anunciar programas de sua pasta, beneficiando a candidatura de José Sarney à reeleição, em um momento em que o pemedebista estava ameaçado de sofrer uma derrota para a candidata Cristina Almeida (PSB).

Este ano, Rondeau começou a fazer alguns movimentos políticos fora do âmbito sarneyzista. Tomou por exemplo o lado do governo cearense na disputa entre este governo estadual e a Petrobras pelo fornecimento de gás natural para a futura siderúrgica Ceará Steel. Mas a sua interferência não tinha até agora surtido resultados.