Título: Aldo resiste às pressões e mantém candidatura à presidência da Câmara
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 29/12/2006, Política, p. A4

O presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), reafirmou ontem que vai até o fim com sua candidatura à presidência da Câmara, mesmo que isso signifique uma disputa em plenário com o líder do governo na Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP). Aldo já havia dito isso ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva na semana passada. Ontem, um dia após a reunião do presidente com a comissão política do PT, Aldo encontrou-se com seus aliados, inclusive da oposição, e ouviu que estariam garantidos pelo menos 200 votos na disputa.

Nas previsões dos aliados de Aldo, ele deve vencer a eleição com uma vantagem de 40 votos sobre o adversário. A escolha do presidente da Casa está prevista para o dia 1º de fevereiro. "Para mim, o deputado Aldo é candidato. Ele não trabalha com outra hipótese. E deixou isso claro, hoje. Mesmo que tenha disputa, não vejo condições para desistir. Ele está muito firme em cima disso", afirmou o líder do PFL na Câmara, o deputado Rodrigo Maia (RJ).

O PFL e o PSDB, dois dos principais partidos de oposição, trabalham pela candidatura de Aldo. Uma boa parte do PMDB, todo o PCdoB e o PSB também apóiam o atual presidente da Câmara. O candidato já teria se comprometido com esses partidos a fazer um mandato diferente do atual, se for reeleito. Ele tem alegado que, atualmente, ocupa um "mandato tampão", já que substituiu o ex-deputado Severino Cavalcanti (PP-PE), que renunciou para escapar da cassação.

Aldo assumiu, entre outros compromissos, uma melhor articulação da Casa com os Estados. No encontro de hoje, o grupo também avaliou que a proposta do PT para o PMDB, de apoiar uma candidatura da legenda para o biênio 2009-2010, não deve beneficiar Chinaglia. Nesse caso, Aldo também poderia fazer a mesma proposta. "O Aldo também pode dividir o PMDB ou se comprometer com outro partido. O Marco Aurélio (Garcia, presidente interino do PT) não é político, nunca teve voto e não tem sensibilidade política", disse Maia.

Apesar do cenário adverso, o ministro da coordenação política, Tarso Genro, assegurou ontem que a bancada governista não terá duas candidaturas na eleição para a presidência da Câmara. "Vocês estão mais preocupados do que eu. Eu estou tranqüilo que dentro de 15 dias teremos esse cenário definido".

Genro afirmou que tanto Aldo quanto Chinaglia são políticos maduros, experientes e que saberão compreender o momento atual e perceber a importância de que a base governista não esteja dividida nessa disputa. O ministro negou que haja qualquer negociação para que Aldo Rebelo ocupe algum ministério como forma de compensação caso desista de concorrer à Presidência da Câmara.

Genro também rebateu as críticas da oposição de que Marco Aurélio Garcia (Presidente do PT) não poderia redigir uma carta ao comando do PMDB sugerindo alternância entre as duas legendas no comando da Câmara, por não ter mandado eletivo . "O presidente Marco Aurélio preside o PT e tem plenas condições de expressar-se politicamente", devolveu Genro. (Com agências noticiosas)