Título: Dessa vez, o caos foi controlado
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Fonte: Correio Braziliense, 26/12/2010, Brasil, p. 12

aeroportos Atraso médio nas decolagens não chegou a 15% e a maioria dos passageiros não teve problemas Com todo o efetivo de aeroviários e aeronautas trabalhando no Natal, a movimentação de passageiros foi tranquila no sábado. A advogada Celina Serra, 39 anos, ficou surpresa ao se deparar com uma fila pequena para fazer o check- in, no aeroporto de Brasília.

¿Pensei que estaria uma loucura, tanto é que cheguei mais cedo. Aqui está mais calmo do que em dias normais¿, comemorou. Celina mora em Fortaleza e veio a Brasília com a filha para passar o Natal com a família. Da capital federal, as duas embarcaram ontem para o Rio de Janeiro, onde pretendem ficar até o réveillon. O índice de atrasos nos voos em aeroportos brasileiros, entre a 0h e as 15h de ontem, foi o mais baixo dos últimos quatro dias. A porcentagem ficou em 13,6% até as 11h. Das 1.351 decolagens domésticas programadas no país, 184 ocorreram com mais de 30 minutos de atraso. Outras 37 (2,7% do total) foram canceladas. Entre os três maiores aeroportos do país, Guarulhos (SP) continuou com o maior índice de voos atrasados ¿ 25,6%. Em segundo lugar estava Brasília, com 19%, enquanto no Galeão (RJ) o número ficou em 12,1%.

A Webjet, no entanto, liderou o índice de decolagens atrasadas, com 25,6%. A TAM, recordista nos últimos dias, registrou 20,6% de voos que saíram depois do previsto, seguida pela Gol, com 10,6%. Na Azul, a taxa foi de 7,3%. A Avianca apresentou média de apenas 2% de atrasos.

Negociações

No início da semana, os funcionários das empresas aéreas ameaçaram entrar em greve, e a Justiça Federal no Distrito Federal expediu liminar que estendia até 10 de janeiro a proibição de greve da categoria, sob pena de multa de R$ 3 milhões por dia no caso de descumprimento. Na noite de quinta-feira, a liminar foi derrubada, e ficou mantida a decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST) da última quarta-feira, que determina atividade de 80% do efetivo até 2 de janeiro, sob pena de aplicação de multa de R$ 100 mil por dia. Mesmo com a vitória parcial nos tribunais, os trabalhadores do setor aéreo decidiram que não haverá, pelo menos por enquanto, paralisação nos aeroportos do país. Segundo o Sindicato Nacional dos Aeroviários (SNA), o objetivo é restabelecer as negociações com os patrões. ¿Faremos uma teleconferência na manhã de domingo e veremos quais serão os próximos passos¿, afirmou a presidente do SNA, Selma Palvino.

A reivindicação inicial era um reajuste salarial de 15%, reduzido para 13% por falta de acordo. Os aeroviários e aeronautas também lutam pela criação de novos pisos salariais, com ganho de 30%, e pela criação de um piso para os operadores de equipamento de viatura ¿ aqueles veículos que circulam na pista dos aviões levando bagagem e mantimentos. De acordo com o SNA, a categoria rejeita qualquer proposta com percentual abaixo de dois dígitos. As companhias ofereceram inicialmente um reajuste de 6,5%, que já subiu para 8%. O índice, no entanto, não foi aceito.

Segundo Ronaldo Jenkins, um dos diretores do Sindicato Nacional das Empresas Aéreas (Snea), as companhias aéreas estão dispostas a dialogar. ¿As negociações estão sempre abertas. Dependendo da situação, podemos chegar a um acordo¿, informou.

Susto no avião

» Um avião da TAM que saiu de Porto Seguro (BA) no voo JJ 3602 , com destino ao aeroporto de Guarulhos (SP), na sexta-feira, colidiu com um pássaro e precisou retornar ao ponto de origem logo após a decolagem. Apesar do susto, ninguém ficou ferido. Na noite de quinta, passageiros do voo JJ 3175 da TAM, que viajariam de Salvador a São Paulo, tiveram problemas antes da decolagem. Em um forno usado para aquecer as refeições houve uma pane elétrica e foi detectada fumaça. Os cerca de 120 passageiros que estavam a bordo deixaram a aeronave pelas saídas de emergência. Em Guarulhos, ontem, passageiros invadiram a área de embarque após um voo da Gol com destino a Vitória (ES) sofrer atraso de quatro horas.