Título: Requião espera mais atenção de Lula ao PR
Autor: Lima, Marli
Fonte: Valor Econômico, 29/12/2006, Política, p. A9

Não fossem as experiências vividas nos últimos quatro anos, daria para dizer que o governador reeleito do Paraná, Roberto Requião (PMDB), voltará no dia 1º de janeiro ao mesmo ponto em que assumiu o Estado em 2003: em lua-de-mel com o presidente Lula e tendo na equipe boa parte dos secretários que nomeou naquela ocasião. Seu discurso deverá novamente conter frases de apoio a Lula, já que a aliança entre os dois, que chegou a ficar estremecida devido a críticas de Requião ao governo federal, foi refeita no segundo turno.

Requião assumirá seu terceiro mandato como governador (o primeiro foi de 1991 a 1994) com esperança de que terá mais atenção do presidente para o Estado. Em novembro, depois de falar com Lula em Brasília, ele anunciou que ficou acertado que a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, virá ao Paraná para analisar as necessidades de investimentos federais no Estado e resolver pendências. De acordo com a assessoria do governador, ela não teria vindo ainda por problemas de agenda.

Como havia dito desde o resultado das eleições, Requião não anunciará mudanças no secretariado na posse e começará o mandato com a mesma equipe. As alterações deverão acontecer aos poucos, para abrigar integrantes de partidos que lhe ofereceram ajuda na disputa, como PT e PSDB. A agenda de 2007 terá início cedo, porque Requião faz questão de viajar a Brasília pela manhã, para acompanhar a posse de Lula.

Às 9 horas ele irá para a Assembléia Legislativa e, às 10 horas, inaugurará um novo prédio do governo no Centro Cívico, onde foram investidos R$ 29,5 milhões. As obras do edifício estavam paradas desde 1986, foram retomadas por Requião e, agora, o local passará a ser sede temporária do governo, porque o Palácio Iguaçu, inaugurado nos anos 50, passará por reformas que devem durar cerca de um ano e meio.

Pessoas próximas a Requião garantem que ele não terá pressa em definir os nomes de novos secretários, o que pode acontecer ainda em janeiro ou até depois disso. Em 2003, o PT ganhou apenas uma secretaria, a do Trabalho. Nos últimos dias tem sido comentado que o partido poderá ganhar três secretarias. "Certamente estaremos no governo, o que estamos conversando é onde e como", disse o deputado federal André Vargas, presidente do PT no Estado.

Embora tenha recebido críticas por práticas de nepotismo durante o mandato e no período de campanha, tudo indica que Requião não irá tirar parentes da equipe de governo. Ele já avisou que seu irmão, Eduardo Requião, permanecerá à frente do Porto de Paranaguá e também é dada como certa a permanência de outro irmão, Maurício Requião, na Secretaria da Educação.