Título: Reeleito, Hartung planeja combater violência e aumentar investimentos
Autor: Santos, Chico
Fonte: Valor Econômico, 29/12/2006, Política, p. A11

Consagrado por uma reeleição com 77,27% dos votos, o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB), inicia na segunda-feira o segundo mandato com a tarefa de promover no menor e menos populoso Estado da região Sudeste o crescimento econômico com distribuição de renda, complementando a tarefa a que se propôs, com êxito, no primeiro mandato: fazer o saneamento ético, reduzir o clima de insegurança e organizar as contas públicas. O forte desenvolvimento da indústria do petróleo no Estado é um dos seus maiores trunfos. Somente a Petrobras deverá investir cerca de R$ 20 bilhões até 2011 no Estado.

Graças a um amplo arco de alianças, que inclui até mesmo os rivais nacionais PT e PSDB, Hartung vai governar o Espírito Santo com uma confortável maioria na Assembléia. Segundo cálculo de aliados, dos 30 deputados estaduais eleitos em outubro, 25 podem ser incluídos na base de apoio do governo estadual, ficando de fora apenas os quatro eleitos pelo PDT, partido do candidato ao governo derrotado por Hartung, Sérgio Vidigal, e o deputado Wanildo, do PTdoB.

Hartung, que ficou neutro na eleição presidencial, mantém relação de aliado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e promete trabalhar pela sustentabilidade do governo federal. Da sua equipe de governo do primeiro mandato, a única perda significativa até agora é a do ex-secretário de Desenvolvimento Econômico Julio Bueno. Carioca, Bueno atendeu ao chamado do governador eleito do Rio, Sérgio Cabral Filho, e vai exercer no seu Estado a mesma função que desempenhou de 2003 a 2006 no Espírito Santo. Para substituí-lo, Hartung remanejou o ex-ministro do Planejamento (2002) Guilherme Dias, que até o mês passado era o secretário de planejamento do Estado.

No legislativo local, o governador não arrisca dizer publicamente o tamanho da sua base de apoio. "Essas coisas não se fala", foi sua resposta ao Valor, ressaltando apenas que "o governo deverá ter uma base sólida". Dos 27 deputados estaduais capixabas que disputaram a reeleição, apenas 12 conseguiram o objetivo. O PMDB, partido do governador, ficou com apenas 10% das vagas (três). O PSDB reelegeu apenas o atual presidente da Assembléia, o médico César Colnago.

O Orçamento do Espírito Santo para 2007 prevê investimentos de R$ 1 bilhão, 25% a mais do que os R$ 800 milhões investidos pelo governo estadual neste ano. Em 2004, primeiro ano em que o Estado voltou a investir significativamente após a crise financeira cristalizada na transição de 2002 para 2003, os investimentos somaram R$ 400 milhões. Segundo Hartung, o objetivo do seu governo é sustentar investimentos na casa dos 20% da receita - em 2006 foi de 14%.

O deputado Colnago, atual presidente da Assembléia, disse que a recuperação da capacidade de investimento impõe o desafio de executar obras de caráter estruturante para a economia do Estado, mas destacou outros pontos que, segundo ele, são igualmente desafios para o segundo mandato de Hartung, entre eles, o aprofundamento dos esforços já feitos na área de segurança pública, uma vez que a região de Vitória continua sendo uma das mais violentas do país.

Para ele, a disputa pela sucessão de Hartung, que não poderá mais ser candidato, não deverá esgarçar a base aliada. Mas é fato que já se fala em sucessão. Um dos nomes que não escondem suas pretensões, mesmo considerando que ainda é muito cedo para tratar do assunto, é o ex-prefeito de Vitória Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB), eleito deputado federal. Lucas que em 2002 coordenou a campanha presidencial do tucano José Serra, é afilhado político e aliado de Hartung.