Título: Modelos representam só 0,3% das vendas no país
Autor: Marli Olmos
Fonte: Valor Econômico, 27/12/2004, Empresas &, p. B4

Ao contrário do que ocorre na Europa, o tamanho do mercado dos carros de luxo no Brasil, que sempre foi pequeno, começou a encolher ainda mais nos últimos quatro anos, a partir da desvalorização do real. Como a maior parte desses veículos são importados da Europa, a situação piorou com a alta do euro em relação à moeda americana. O grupo chamado premium somou a venda de 3.302 unidades de janeiro a novembro. Com a expectativa de venda de mais 300 unidades em dezembro, o total do ano, algo em torno de 3,6 mil automóveis, representará um crescimento de 20% em comparação com 2003. Apesar da recuperação deste ano, o volume está ainda abaixo do resultado de 2002 e é quase a metade das 6.504 unidades de 2001, quando as vendas dessa categoria começaram a cair. Em 2002, foram 4.956 unidades. O segmento de modelos para consumidores mais endinheirados representa 0,3% do mercado brasileiro de carros de passeio zero-quilômetro. Neste ano, o mercado de carros de passeio no Brasil vai somar perto de 1,2 milhão de unidades. As marcas de luxo superior atendem aos brasileiros que podem gastar pelo menos R$ 150 mil na linha mais luxuosa da Audi, ou mais de R$ 200 mil num veículo da BMW ou Volvo ou até mesmo em torno de R$ 500 mil em sofisticados modelos Mercedes-Benz e Jaguar. A BMW lidera a lista dos mais vendidos desse seleto grupo. De janeiro a novembro, foram vendidos no Brasil 1.164 veículos da marca alemã. No mesmo período, a legendária italiana Ferrari acumulou a venda de 18 veículos. São luxos para quem pode pagar até R$ 1,3 milhão na compra de um automóvel novo. Nesse grupo de marcas premium estão também esportivos , como Porsche, que comercializou 117 unidades nos 11 meses do ano. Segundo o diretor executivo da Associação Brasileira dos Importadores de Veículos (Abeiva ), Luiz Carlos Mello, as crises econômicas também afetam o segmento de alto luxo. Da mesma forma, a recuperação também traz reflexos positivos. Por isso, a Abeiva estima a venda de 4 mil carros dessa categoria em 2005. Para Mello, o impacto da desvalorização cambial é o que mais tem afetado a recuperação do segmento de alto luxo. "Apesar de hoje estar estabilizado, o câmbio é uma ameaça permanente", afirma o executivo. "Isso indica que os bolsos dos mais ricos não são tão elásticos" , completa Mello. "O setor começou a melhorar, mas ainda estamos no vale", destaca Mello. Os importadores defendem a redução de impostos para os carros de alto luxo. Segundo os argumentos apontados pelo setor, essa faixa de veículos não tem concorrência na indústria nacional. Em razão da baixa demanda até mesmo automóveis de luxo menos sofisticados são hoje importados pelas montadoras.