Título: Governo apóia internacionalização
Autor: Landim, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 30/05/2007, Brasil, p. A6

O governo apóia a internacionalização das empresas brasileiras, mesmo que, no curto prazo, signifique perda de empregos, investimento e exportações. "Esse é um processo positivo. Para o presidente Lula, trata-se de uma política de governo", garantiu o secretário de assuntos internacionais do ministério da Fazenda, Luiz Eduardo Melin.

Ele defendeu que, se a internacionalização for bem sucedida, a empresa brasileira conquistará novos clientes. Com o aumento dos negócios, o comércio intra-firma transformará a matriz no Brasil em receptora de royalties e em fornecedora de equipamentos e tecnologia.

Melin admitiu que existe um "custo" inicial de realocação de empregos e redução das exportações, mas argumentou que trata-se de uma visão "estática" e que o processo é "dinâmico". Os comentários foram feitos durante seminário em São Paulo, organizado pela Prospectiva Consultoria e pelo Centro Brasileira de Relações Internacionais (Cebri).

O secretário afirmou que existe um pleito do setor privado para um incentivo concreto do governo para a internacionalização, mas acrescentou que esse debate está começando. "A internacionalização não é um jogo para iniciantes", disse. "A avaliação geral é de que a necessidade de intervenção será menor do que se imaginava".

Segundo Melin, a opção mais viável para o governo é melhorar o marco regulatório, dando maior liberdade para as empresas. Ele não descartou financiamento público, mas afirmou que, nesse caso, seriam necessárias contrapartidas, como metas de geração ou manutenção de empregos no Brasil.

O diretor de assuntos internacionais do Banco Central (BC), Paulo Vieira da Cunha, discorda daqueles que avaliam que os investimentos das empresas brasileiras no exterior signifiquem a destruição da indústria no país. "Não há desindustrialização no Brasil. O que vemos é exatamente o contrário", disse. Cunha argumentou que a exportação brasileira atingiu uma escala que o mercado interno não absorverá. Também ponderou que o aumento das importações de bens de capital está reforçando os investimentos no país.

"A recuperação da economia global é a mais longa desde o fim da segunda guerra, graças a entrada da China e Índia", disse. Ele pondera que ainda é cedo para saber se é uma transformação de longo prazo ou se o ciclo está chegando ao fim. (RL)