Título: Empresa atuou em pelo menos 9 Estados
Autor: Junqueira, Caio
Fonte: Valor Econômico, 30/05/2007, Política, p. A10

Com atuação limitada em São Paulo, a Gautama espraiou-se por pelo menos nove Estados. Na maioria deles, o Tribunal de Contas da União detectou irregularidades. Em Alagoas, a construtora iniciou seus trabalhos em 1997, quando o irmão do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), e então secretário de Infra-Estrutura, Olavo Calheiros, - hoje deputado federal pelo PMDB- , contratou-a por R$ 48,1 milhões para realizar obras de macrodrenagem no Tabuleiro do Martins e, por R$ 131 milhões, para executar obras de adutoras que conduziriam água para o sertão, no valor de . O TCU apontou irregularidades em ambas. No Estado, a empresa também foi contratada para a construção de uma barragem, obra incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O contrato é de R$ 77 milhões.

No Maranhão, a entrada da Gautama ocorreu em 2000, no governo de Roseana Sarney (PMDB), quando a empresa, junto com a OAS, foi contratada para duplicar uma adutora. O contrato, de cerca de R$ 300 milhões, está suspenso pelo TCU e a obra está parada desde 2005. A Gautama também faturou R$ 20 milhões , de 2001 a 2003, na construção de um reservatório e na estrutura de uma estação de tratamento . Em 2003, a Gautama, já no governo José Reinaldo (PSB), venceu uma concorrência de R$ 154 milhões para a construção de 119 pontes, também com suspeitas de superfaturamento. Em junho de 2006 foi assinado um convênio com o Dnit para asfaltar a BR-402, no valor de R$ 153, 1 milhões A Queiroz Galvão venceu a licitação, com parceria da Gautama.

No Rio, há contratos da gestão de Anthony Garotinho em 2003. A Companhia Estadual de Habitação do Rio de Janeiro (Cehab) pagou R$ 4,1 milhões à empresa para a construção de 568 casas. Foram entregues 438. O governador Sérgio Cabral (PMDB) determinou a realização de uma auditoria interna. Na Bahia, os principais negócios eram em Camaçari, para urbanização de assentamentos na cidade, no valor de R$ 9,8 milhões. Neste ano, a empresa também venceu uma concorrência de R$ 40 milhões, para obras de infra-estrutura na cidade. O prefeito da cidade, Luiz Caetano (PT), foi um dos presos na Operação Navalha, sob suspeita de direcionar a disputa.

No Mato Grosso, o prefeito se Sinop, Nilson Leitão (PSDB), é apontado pela PF como beneficiário de R$ 200 mil por direcionar a contratação da Gautama em uma concorrência para a realização de obras na rede municipal de esgotos. O valor do contrato é de R$ 38,2 milhões.

Em Sergipe, João Alves Neto, filho do ex-governador João Alves (DEM), segundo a PF, recebeu propina por autorizar recursos para a duplicação no sistema de adutoras do rio São Francisco. O convênio assinado entre o Ministério da Integração e o governo estadual previa o repasse de R$ 28,6 milhões. No Piauí, a PF aponta o presidente da Companhia Energética do Piauí, Jorge Targa Juni, como intermediador de uma licitação para o programa Luz para Todos. A Gautama venceu concorrência para levar energia a 80 municípios, em um contrato avaliado em R$ 70 milhões. No Distrito Federal, em 2000, a construtora foi contratada para fazer estudos de impacto ambiental e outros serviços relacionados a á reas irrigadas pela Bacia do Rio Preto. O convênio, no valor de R$ 9 milhões, foi assinado entre o Ministério da Integração Nacional e a Secretaria de Agricultura do DF. (CJ)