Título: Gilmar Mendes concede habeas corpus a Zuleido
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Fonte: Valor Econômico, 30/05/2007, Política, p. A12

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu ontem à noite habeas corpus libertando o dono da empresa Gautama, Zuleido Veras, apontado como o mentor do esquema de fraudes em licitações públicas e desvio de dinheiro público desmontado pela Operação Navalha. Também foram libertados por decisão do mesmo ministro dois funcionários da empresa, João Manoel Soares Barros e Abelardo Sampaio. O grupo estava preso desde o dia 17 de maio na carceragem da Polícia Federal em Brasília. No sábado, Zuleido Veras se negou a falar à ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Eliana Calmon.

Ao longo de uma semana, entre os presos pela Operação Navalha, apenas o deputado distrital Pedro Passos (PMDB-DF) deixou de comparecer para depor à Justiça. Na terça-feira da semana passada, Passos obteve liminar de habeas corpus concedida por Gilmar Mendes.

Na segunda-feira, prestaram depoimento Tereza Freire Lima (secretária da construtora Gautama), Henrique Garcia de Araújo (administrador de uma fazenda da empresa) e Rodolpho Veras (filho do dono da Gautama, Zuleido Veras). Os três foram liberados após depor. A ministra disse que Tereza mentiu e omitiu fatos em seu depoimento, mas mesmo assim teve a prisão relaxada, por não representar perigo na coleta de provas.

Também se negaram a prestar depoimento Alexandre Maia Lago e Francisco de Paula Lima Júnior, sobrinhos do atual governador do Maranhão, Jackson Lago. Os dois foram mantidos presos pela ministra Eliana Calmon e liberados posteriormente por uma liminar de habeas corpus concedida pelo STF.

Depois desta fase das investigações, o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, pretende apresentar ao STJ a denúncia contra os suspeitos. O documento está sendo esperado para a semana que vem. Se o tribunal aceitar a denúncia, o inquérito passará a ser um processo criminal e os investigados, réus.

Eliana Calmon informou que pretende se reunir hoje com representantes do Ministério Público Federal, para estabelecer a estratégia para a investigação patrimonial da construtora Gautama e de todos os suspeitos investigados pela Operação Navalha. O horário da reunião não foi divulgado e a imprensa não poderá acompanhá-la, também devido ao segredo de Justiça.