Título: À CPI, presidentes de TAM e Gol reconhecem falhas no caos aéreo
Autor: Jayme, Thiago Vitale
Fonte: Valor Econômico, 30/05/2007, Política, p. A12

As empresas TAM e Gol fizeram ontem um mea culpa sobre a participação delas no caos aéreo instalado no país desde a queda do avião da Gol, em setembro de 2006. Em depoimento à CPI do Apagão Aéreo do Senado na tarde de ontem, os presidentes das duas companhias falaram sobre as questões de atraso e de falta de informação a seus clientes.

"Houve um apagão de informação. Os clientes foram os mais prejudicados. O sistema de informação não é coordenado como deveria. Temos de ter uma ligação online entre a Agência Nacional de Aviação Civil, a Infraero e a companhias aéreas. Mas nós devemos fazer o dever de casa", disse o presidente da TAM, Marco Antonio Bologna.

"Passamos por situações que prejudicaram nossos clientes. Não tínhamos condições de dar as informações porque também faltavam informações às companhias aéreas. Sobre pontualidade e falta de informação, temos de fazer nosso dever de casa", disse o presidente da Gol, Constantino de Oliveira Júnior, ao usar a mesma expressão de Bologna.

Os executivos também concordaram que a questão mais grave da aviação civil brasileira é a infra-estrutura. "Em termos de perspectivas, acho que o setor crescerá 10% ao ano nos próximos anos. Mas muito deve ser feito em termos de infra-estrutura senão essa expansão não poderá acontecer", disse Bologna.

Na manhã de ontem, o chefe da Seção de Instrução do Centro de Controle de Área (ACC) de Brasília, tenente Antonio Robson Cordeiro de Carvalho, depôs à CPI do Apagão Aéreo da Câmara. Ele retrucou as acusações de que há uma zona cega na aérea do Cindacta 1, de Brasília. O órgão é responsável pelo controle do tráfego de aviões nas regiões Centro-Oeste e Sudeste.

Carvalho também negou que os radares tenham falhado no dia do choque do jato Legacy fabricado pela Embraer com o Boeing da Gol. "Até o momento do acidente, não houve nenhum reporte dos controladores de que haveria falha nos radares", disse.

A mesma posição foi dada pelo coronel Rufino Antônio da Silva Ferreira, presidente da comissão de investigação do acidente. Ele depôs à CPI do Senado antes dos executivos das companhias aéreas. "Não há ponto que indique insuficiência da abrangência dos radares. O que posso dizer é que o controlador tinha elementos que confirmavam que a aeronave não estava no nível correto", disse.

Em outro depoimento ao Senado, o chefe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), brigadeiro Jorge Kersul Filho, reconheceu problemas no sistema de controle do país. "Nosso sistema é confiável, seguro, mas não é infalível", disse. Ele reivindicou mais recursos para modernizar os softwares usados pelos controladores.