Título: CE aprova hoje proposta de parceria com o Brasil
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Fonte: Valor Econômico, 30/05/2007, Internacional, p. A13

Dialogo político, sim; comércio, não. Essa é a base da parceria estratégica que a Comissão Européia aprovará hoje e que será proposta ao Brasil na primeira reunião de cúpula UE-Brasil, dia 4 de julho, em Lisboa. O presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso, não vê risco de os 27 países da UE se oporem ao projeto.

"A dimensão comercial de nossa relação bilateral continuará a ser governada pelo acordo EU-Mercosul", disse ao Valor a comissária de Relações Exteriores da UE, Benita Ferrero-Waldner, por meio de sua assessoria. O texto delineia o que a UE considera uma agenda comum bilateral e não menciona agricultura, como o Valor antecipara.

Barroso diz que, primeiro, cada lado tem seus próprios contornos. Segundo, "há muita vida além da agricultura na relação bilateral. Ver a relação só na agricultura é uma visão redutora". E, terceiro, o Brasil será convidado a dar a sua visão estratégica da parceria.

Barroso destaca que UE e Brasil têm um forte compromisso com as instituições multilaterais, assim como a capacidade de "fazer a diferença em questões como clima, pobreza, multilateralismo, direitos humanos e outros. E, propondo relações mais fortes, reconhecemos a qualificação do Brasil como o 'key player' para se juntar ao restrito clube de nossos parceiros estratégicos".

Excluindo comércio e agricultura, a UE engaveta o que é contencioso na relação bilateral. "O mais importante aspecto da agricultura é o comércio de commodities agrícolas, e essa é uma questão que estamos tratando com o Brasil no acordo com o Mercosul. Para nós, é uma questão de região para região'', disse Ferrero-Waldner.

Em todo caso, Barroso e a comissária dizem que, como ocorreu com China e Índia, o Brasil submeterá sua visão de agenda comum. A idéia é que, na próxima cúpula UE-Brasil, possivelmente daqui a um ano, seja feito um balanço e definada a base real da parceria. (AM)