Título: Brasil e Argentina querem antecipar fim de CFCs
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 30/05/2007, Internacional, p. A14

Aquecimento global e buraco da camada de ozônio costumavam ter só dois pontos convergentes - são fenômenos que ocorrem na natureza e com raízes nas ações humanas. O aquecimento global é resultado da emissão dos gases-estufa, e tem no Protocolo de Kyoto uma celeuma internacional; o buraco na camada de ozônio é provocado por gases CFCs e HFCs, usados em geladeiras e aparelhos de ar-condicionado, e a regra mundial é ditada há 20 anos pelo Protocolo de Montreal. Gases-estufa causam elevação do nível do mar, os CFCs afinam a camada de ozônio e assim aumentam os casos de câncer de pele. Agora, as ações contra os dois fenômenos podem se juntar.

Brasil e Argentina defenderão a eliminação acelerada, nos países em desenvolvimento, dos HCFCs. A proposta será discutida na semana que vem, no Quênia, durante reunião dos países que ratificaram o Protocolo de Montreal. Pelo acordo, o consumo de HCFCs deve ser congelado em 2015 e eliminado até 2040 - Brasil e Argentina defendem a antecipação do prazo. A idéia é que os países em desenvolvimento congelem o consumo em 2011 e o eliminem até 2030. "O mercado já usa opções como os hidrocarbonetos, amônia e o próprio CO2 em pequenas quantidades", diz Ruy de Góes, secretário interino de mudanças climáticas do Ministério do Meio Ambiente.

A interface entre os dois fenômenos é o fato novo. Os gases CFCs e HCFCs não entraram na cesta de Kyoto porque já estavam na de Montreal. Mas têm um potencial muito mais forte, em relação ao efeito-estufa, do que o CO2. O Brasil, que poderia ter continuado a usar gases CFC até 2010, os baniu em 2007. Pelas contas de Góes, deixou de emitir 43 mil toneladas de CFC, o que daria o equivalente a 330 milhões de toneladas de CO2 . "Isso corresponde a 8% do previsto em todo o primeiro período de compromisso de Kyoto."(DC)