Título: Hypermarcas, dona da Assolan, compra DM, de Doril e Gelol
Autor: D'Ambrosio, Daniela e Balarin, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 30/05/2007, Empresas, p. B1

A Hypermarcas, do empresário João Alves de Queiroz Filho (o Júnior, ex-Arisco), está comprando a DM Farmacêutica, empresa conhecida por suas marcas - como Doril, Monange, Vitasay e Zero-Cal, entre outras. Júnior concordou em pagar entre US$ 650 milhões e US$ 700 milhões (R$ 1,3 bilhão a R$ 1,4 bilhão) pela aquisição e o pagamento, segundo o Valor apurou, deverá ser feito em dinheiro. Procurada, a Hypermarcas não comentou o assunto. Na DM, não havia nenhum diretor disponível para prestar informações.

A oficialização do negócio depende apenas da entrega de uma carta de fiança bancária da Hypermarcas, o que deve ocorrer até o fim desta semana. Uma parte do pagamento já deverá ser feito na sexta-feira. O imóvel onde está instalada a fábrica da DM, em Barueri (Grande São Paulo), ficou de fora da transação. A Hypermarcas terá uma opção de compra do ativo, válida por dez anos.

Com a aquisição, a Hypermarcas torna-se a maior empresa de bens de consumo nacional com presença em segmentos tão diversos como alimentos, limpeza, medicamentos e cosméticos . Passa a ter um faturamento combinado de cerca de R$ 1, 6 bilhão - comparável ao da subsidiária brasileira da americana Kimberly-Clark, dona de marcas como o papel higiênico Neve e o absorvente Intimus. Em fevereiro, quando foi criada a Hypermarcas, a expectativa da companhia era a de alcançar um faturamento de R$ 2 bilhões em quatro anos. Chegará muito próximo disso em menos de seis meses.

O plano de Júnior é o de abrir o capital da Hypermarcas entre o fim deste ano e o início do próximo. A companhia entrou com pedido de registro de capital aberto na Comissão de Valores Mobiliários em abril e pretendia, a princípio, emitir debêntures para financiar aquisições. Mas a compra da DM muda os planos. Com uma empresa de grande porte e marcas bem conhecidas, a possibilidade da abertura de capital fica muito mais factível.

Os detalhes finais sobre como Hypermarcas vai financiar a sua mais nova aquisição ainda estavam sendo discutidos ontem. Segundo o Valor apurou, existe a possibilidade de que um grupo de investidores mexicanos - entre eles a família Hernandez, ex-proprietária do banco Banamex no México - adquira uma participação no capital da Hypermarcas. Outra opção seria um financiamento bancário por um consórcio de bancos, a chamada aquisição alavancada.

O projeto de Júnior é ambicioso e prevê a internacionalização futura da empresa. O modelo da Hypermarcas é espelhado na Procter & Gamble, que tem um braço de alimentos (batata Pringles, por exemplo), limpeza, higiene e remédios sem prescrição, como Vicky e Hipoglós. A Hypermarcas já tem uma divisão de limpeza bem consolidada, com produtos que vão de sabão em pó e amaciante a detergente e esponja de aço.

Com a compra da DM, engorda o portfólio de beleza, com as marcas Cenoura & Bronze e Monange (marca mais popular que a linha Éh). Na área de alimentos, torna-se a líder do mercado de adoçantes, com as marcas Finn, Zero-Cal e Adocyl. O primeiro está na categoria aspartame - com preço mais alto - e os dois últimos são feitos de sacarina.

A Hypermarcas já tem uma forte rede de distribuição nacional em supermercados. Atende 3 mil pontos-de-venda diretamente e 275 mil por meio de distribuidores e atacadistas, mas sua presença nas farmácias não é tão consolidada - está restrita às marcas Éh e Finn. Com a distribuição da DM Farmacêutica, fortalecerá sua atuação nas farmácias - um dos canais que mais crescem no Brasil.

Além disso, o mercado de medicamentos sem tarja está cada vez mais próximo ao de bens de consumo, inclusive nas estratégias de marketing. Na era dos genéricos, fortalecer a marca de um remédio é tão importante quanto a de um sabão em pó. Em 2006, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Medicamentos Isentos de Prescrição, esse mercado foi de R$ 6 bilhões - 20% acima do faturamento do ano anterior - e vendeu 550 milhões de unidades