Título: PAC Siderúrgico projeta investimentos de US$ 28 bi
Autor: Koike, Beth
Fonte: Valor Econômico, 30/05/2007, Empresas, p. B9

Em resposta às provocações do presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva durante a abertura do 20º Congresso de Siderurgia, ontem, em São Paulo, cobrando mais investimentos por parte das siderúrgicas brasileiras no mercado interno, o setor entregou-lhe um documento - batizado como PAC Siderúrgico - apresentando investimentos de US$ 28,9 bilhões do setor até o ano de 2012.

"Destacamos ao presidente Lula que estamos promovendo vultosos investimentos para ampliar a nossa capacidade, mas é preciso que haja também um crescimento da demanda interna com investimentos em infra-estrutura e construção. A expectativa é que a participação do mercado doméstico aumente 10% neste ano", disse Luís André Rico Vicente em sua última entrevista à imprensa como presidente do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS).

Do montante total previsto no PAC Siderúrgico, US$ 17,2 bilhões serão revertidos para aumento de capacidade das usinas, US$ 5,5 bilhões são recursos provenientes de novos projetos e US$ 6,2 bilhões referem-se a plantas em estudo.

Com a chegada desses novos investimentos, a capacidade instalada das siderúrgicas saltará das atuais 37 milhões de toneladas para 66 milhões de toneladas em 2012.

Em relação às reclamações do mercado nacional sobre o preço e a falta de aço para consumidores locais, que se intensificaram no último mês, o setor afirma que "há aço mais do que suficiente" para o abastecimento doméstico. O ponto nevrálgico é que atualmente as exportações representam mais do que o dobro do consumo brasileiro e a grande demanda hoje acontece nos países asiáticos. "Não podemos interromper os contratos internacionais de forma repentina para atender o mercado local. Isso precisa ser feito aos poucos. Em 2005, o mercado nacional também se aqueceu, mas pouco tempo depois se acomodou e ficamos na mão", afirmou o executivo do IBS.

Rico Vicente ressalta que o setor já vem dando especial atenção ao mercado doméstico. Um exemplo seria a indústria da construção civil, que no ano passado foi beneficiada com isenções de impostos. "As exportações de aço longo caíram 0,3% porque passamos a atender mais os consumidores nacionais da construção, que foi contemplado com isenção de tributos".

Sobre as queixas da indústria automotiva, que reclama dos altos preços das chapas e argumenta que o material é adquirido mais barato no exterior, as siderúrgicas "reforçaram novamente para a indústria automotiva que o custo do aço varia de 6% a 10%, e não 33%, como informado pelo setor", afirmou o vice-presidente executivo do IBS, Marco Pólo de Mello Lopes.