Título: Presidente defende siderúrgica no Ceará
Autor: Ribeiro, Ivo
Fonte: Valor Econômico, 29/05/2007, Brasil, p. A6

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem que seja construída uma siderúrgica no Ceará, assim como no Maranhão, mas sem especificar o projeto da usina Ceará Steel, que criou um conflito entre os políticos cearenses e empresas em operação no país representadas pelo Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS). Estes questionam o projeto com gás subsidiado pela Petrobras.

Sérgio Gabrielli, presidente da estatal, disse semana passada que a siderúrgica é inviável nas atuais condições. O subsídio da Petrobras, durante 20 anos, é estimado em pelo menos US$ 500 milhões.

Lula afirmou que o país precisa de mais siderúrgicas, para exportar e atender o crescimento da economia do país, e provocou os presidentes das empresas brasileiras a não terem mais medo de investir em novas usinas. Com relação à usina do Ceará, disse que o projeto deve sair, "desde que sejam removidas todas as liminares" existentes na Justiça. O Ministério Publico questiona o subsídio que a venda do gás a pouco mais de US$ 3 por milhão de BTU, como foi acertado no contrato inicial de 1996, seria bancado pela estatal. A Petrobras diz que o preço atual do gás proveniente da Bolívia é de US$ 5,80.

A Ceará Steel é um projeto de US$ 800 milhões para produção de 1,5 milhão de toneladas de placas, com volume todo voltado para exportação, principalmente para a Coréia do Sul. Os sócios sao a coreana Dongkuk, a italiana Danieli (fabricante de equipamentos) e a Vale do Rio Doce.

O IBS, que entrou com ações na Justiça do Rio, argumenta que o subsídio é danoso à concorrência do setor no mercado brasileiro, pois grande parte do aço adquirido hoje pela Dongkuk é de empresas nacionais, como Usiminas, CST e Cosipa, e que pode causar problemas de questionamento de subsídios na Organização Mundial de Comércio (OMC). A Justiça esta ouvindo as partes envolvidas para avaliar se concede ou não uma liminar suspendendo o projeto.

Luiz André Rico Vicente, presidente do IBS, disse que o setor não é contrário a novos projetos de usinas no Brasil, mas contra artificialidades, como no caso da Ceará Steel, com gás subsidiado. Essa posição foi corroborada por Jorge Gerdau, presidente do grupo Gerdau, que afirmou: "Por acaso fomos contrarios ao projeto da ThyssenKrupp, no Rio?". "Não, não fomos", respondeu.