Título: Geddel decide afastar secretário
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Fonte: Valor Econômico, 28/05/2007, Política, p. A7

O ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, decidiu afastar, ainda nesta semana, o secretário de Recursos Hídricos do Ministério, Roberto Menescal. Segundo Geddel, a mudança no cargo já era prevista, e as denúncias da Operação Navalha, da Polícia Federal, apenas anteciparam a decisão. "Enquanto eu estiver na condição de ministro de Estado, não vai trabalhar conosco ninguém sobre quem paire quaisquer suspeitas", enfatiza Jadel.

Numa das escutas telefônicas da Polícia Federal, Roberto Menescal articula com o então subsecretário de Infra-Estrutura de Alagoas, Denisson Luna Tenório, sua permanência no cargo. Na conversa, o secretário de Recursos Hídricos do Ministério da Integração Nacional diz que pode tentar ajudar o Estado. Denisson foi preso na Operação Navalha, suspeito de favorecer a construtora Gautama em obras no Estado de Alagoas.

Menescal é responsável, no Ministério da Integração, pela liberação de verbas para barragem do Rio Pratagy. A obra foi feita pela empreiteira Gautama, que tem suspeitas de irregularidade, como superfaturamento de produtos, o que pôde ser verificado numa conversa, também de escuta telefônica, entre o diretor de obras da Secretaria de Infra-Estrutura de Alagoas, José Vieira Crispim e o engenheiro responsável pelas medições, Wellinghton Coimbra.

A saída de Roberto Menescal do Ministério da Integração Nacional é mais uma das baixas na Esplanada dos Ministérios após estourar o escândalo da máfia das licitações. Também já perdeu o cargo o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, o chefe de gabinete de seu ministério e o diretor do programa Luz para Todos, que seria alvo do esquema de corrupção.

Ontem o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou pedido de habeas corpus ao dono da Gautama, Zuleido Veras. O ministro pediu mais informações sobre o processo e adiou seu proncuciamento sobre o caso, mantendo o suspeito preso. No sábado o empresário havia sido convocado a depor pela ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Eliana Calmon, relatora da investigação da Operação Navalha.

Veras se recusou a falar e voltou à carceragem da Polícia Federal. No sábado também foi concluído um depoimento de oito horas da funcionária da Gautama Maria de Fátima Palmeira, suspeita de intermediar o pagamento de propina a funcionários do governo.

A ministra Eliana Calmon já ouviu 34 suspeitos da Operação Navalha. Faltam apenas cinco denunciados a serem ouvidos pela ministra: quatro funcionários da Gautama e Rodolpho Veras, filho do dono da Gautama. Do total de 48 suspeitos detidos pela Polícia Federal, 39 já foram soltos. (Colaborou Fernando Teixeira, de Brasília)