Título: Fundo capta em Londres para investir em praias do Nordeste
Autor: Mandl, Carolina
Fonte: Valor Econômico, 28/05/2007, Empresas, p. B1

Na próxima quarta-feira, as praias brasileiras vão estrear na Bolsa de Londres. Depois de captar cerca de US$ 90 milhões para investir em projetos turísticos no litoral, o fundo Itacaré Capital Investments estará cotado no Alternative Investment Market, um mercado voltado para pequenas companhias com perspectivas de crescimento.

Os recursos servirão para a construção de dez empreendimentos no Brasil, que envolverão hotéis e 1,5 mil luxuosas casas de lazer para estrangeiros em praias da Bahia, do Espírito Santo, de Alagoas e de Sergipe.

O projeto de vender a costa brasileira como uma opção de investimento na London Stock Exchange foi idealizado por Pedro Miranda, gestor do fundo Itacaré.

Quando trabalhava para o megainvestidor George Soros, o executivo aprendeu a transformar praias européias em ganhos financeiros por meio de fundos imobiliários. Criou o Dolphin Capital Investors, também listado na bolsa londrina em 2005 e que investiu na Grécia, na Turquia, na Croácia e em Chipre. Agora, em vôo solo, Miranda quer replicar o modelo numa versão brasileira.

A missão dele é transformar mansões, hotéis, mar e sol em uma rentabilidade de 30% ao ano em dólar, ao longo dos próximos sete anos, prazo em que todas as casas devem estar vendidas.

"A qualidade dos ativos no Brasil é muito boa a um preço baixo. Só os terrenos custam um décimo do preço que teriam na Europa. É por isso que os investidores se interessaram", afirma ele. Somado a isso está o fato de algumas áreas litorâneas da Europa, como a Espanha, já estarem saturadas de imóveis.

A oferta privada do Itacaré em Londres captou US$ 87 milhões de gestores de recursos como JP Morgan Asset Management, Standard Life Investment e Brevan Howard. Além disso, o fundo já tinha outros US$ 11 milhões em seu patrimônio. Com esses cerca de US$ 90 milhões é que serão erguidos os dez empreendimentos.

Miranda não revela o local exato dos projetos, cujos terrenos estão em fase final de aquisição. Apenas o Warapuru, um complexo seis estrelas em Itacaré (BA), está em fase de construção. Outros seis complexos também serão feitos na Bahia. Segundo Miranda, trata-se do local do país que melhor soube divulgar seu território no exterior, além de deter o melhor aeroporto do Nordeste e oferecer a infra-estrutura mais adequada.

No Espírito Santo, o condomínio de 100 hectares ficará em Vitória, numa região praiana nobre. O objetivo é atrair executivos, principalmente estrangeiros, que estejam se mudando para o Estado por causa dos negócios gerados em torno da indústria do petróleo.

Cada uma das casas erguidas pelo Itacaré custará, no mínimo, US$ 1 milhão, podendo alcançar até US$ 4 milhões. Isso porque o fundo quer destinar seus recursos apenas a condomínios de altíssimo luxo, um segmento que o Brasil, na opinião de Miranda, ainda não atende.

Um dos empreendimentos, por exemplo, já será entregue com mordomo e com carrinho de golfe para os praticantes do esporte. "Quem é estrangeiro e vem passar férias no Brasil busca comodidade", diz Miranda.