Título: Agricultores ampliam a aposta na diversificação
Autor: Lima, Marli
Fonte: Valor Econômico, 28/05/2007, Agronegócios, p. B12

Duas safras por ano já não satisfazem completamente o desejo de produção de alguns agricultores paranaenses. Aos poucos surgem experiências bem-sucedidas de quem ousou pedir mais da terra e foi atendido. É o caso de Adelar Marafon, de Toledo, no oeste do Estado. Ele semeou feijão em setembro e colheu perto do Natal. Em seguida, plantou 18 alqueires de soja e 20 de milho. A soja foi colhida e no mesmo terreno já foi plantado trigo. A colheita do milho também já foi iniciada e o produtor começa hoje o plantio de mais uma remessa de trigo.

Marafon começou a plantar três safras há três anos e os resultados têm agradado. "Consigo aumentar a renda em 20% nessas áreas". Junto com a família, o agricultor cuida de 90 alqueires. Ele ainda avalia o mercado para decidir no que apostará depois do trigo, mas já pensa em cultivar 60 alqueires de feijão, depois um pouco de soja e de milho e, por último, mais trigo.

"A lavoura parada tem custo", comenta. Mas não é só isso que o motiva. Com esse esquema de plantio o agricultor consegue ganhar dinheiro enquanto a lavoura cresce. "Com grande parte de nossa produção fora de época, conseguimos prestar serviços para terceiros com nosso maquinário".

Celso Frigotto é outro que aposta em três safras há quatro anos. Plantou feijão no fim de setembro, está colhendo milho e partirá para o trigo em 20 dos 45 alqueires que possui. Depois vai decidir se cultivará soja, se continuará com feijão ou partirá para o milho no verão. "Para fazer três safras é preciso plantar feijão [que é uma cultura de ciclo curto]", explica. "É apertado, mas vamos deixar a terra parada?"

O plantio direto permite a rapidez da troca de cultura, mas o agrônomo Rudimar Soares, também de Toledo, explicou que, para três safras, é preciso ter tudo cronometrado e fazer uso de tecnologia para cuidar da nutrição das plantas e combater pragas.

"Tecnicamente não é muito bom, porque não há rotação de cultura e porque muitas vezes tira-se gramínea e planta-se outra gramínea [no caso de milho e trigo]". Ao contrário do que pode parecer, os que se arriscam a plantar três safras não estão endividados. "Mas o risco é grande, principalmente no feijão, que não tem financiamento ou seguro", afirma Soares. (ML)