Título: Nova usina da Votorantim aposta na reciclagem do aço
Autor: Ramos, Tagil
Fonte: Valor Econômico, 28/05/2007, Caderno Especial, p. F8

O prefeito Silvio de Carvalho (PMDB), de Resende (RJ), não escondia seu contentamento na tarde do último dia 16. Não ria à toa. Naquela oportunidade estava recebendo oficialmente da diretoria da Votorantim Metais o documento protocolar que garante a construção de uma nova unidade do grupo na área geográfica sob sua administração.

A nova usina, parte dos planos de expansão da empresa no país, será construída numa área de 4,3 milhões de m², bem ao lado do Acesso Oeste - ponte que ligará Resende à Itatiaia, na Fazenda Aliança. Ela movimentará a economia do município fabricando fios-máquina e vergalhões. "A chegada do complexo siderúrgico significa uma ´redenção fiscal´, diante das dificuldades de arrecadação que o município tem vivido nos últimos anos", reconhece.

Carvalho pensa, inicialmente, no impacto que a instalação terá nas contas da prefeitura, que receberá parte significativa do ICMS estadual incidente sobre o investimento previsto de R$ 1 bilhão. Essa quantia virá em duas parcelas - R$ 850 milhões e R$ 150 milhões.

Mas o primeiro impacto na região será percebido já durante a construção da usina, com início previsto para meados de agosto. Serão gerados, nesse período de instalação, 2.100 empregos. Quando entrar em operação, em 2009, haverá mais 650 vagas disponíveis. A expectativa é de que sejam gerados 3.250 postos de trabalho indiretos na cadeia produtiva envolvida diretamente com o projeto.

A nova planta tem um diferencial com relação às outras unidades da Votorantim Metais. Ela utilizará como principal fonte de matéria-prima o aço reciclado. Há um forte apelo, portanto, à conservação ambiental e à preservação dos recursos naturais. A nova siderúrgica receberá tecnologias de última geração aplicada à aciaria e laminação de aço, com o objetivo de tornar a unidade um modelo internacional em sustentabilidade, com desejada eficiência econômica, social e ambiental.

A primeira fase para a produção de aços longos colocará no mercado 500 mil toneladas/ano de laminados. O desempenho produtivo da segunda etapa ainda é uma incógnita e dependerá da evolução do mercado. A Votorantim Metais, no entanto, trabalha com a estimativa de chegar a outras 500 mil toneladas, atingindo, assim, 1 milhão de toneladas, que caracterizará o empreendimento como o maior do grupo.

A aposta em Resende foi uma decisão bem estudada pelo grupo. A região fluminense apresenta diferenciais interessantes para o negócio. "O Estado do Rio de Janeiro tem uma localização estratégica", revela diretor-superintendente da Votorantim Metais, João Bosco Silva. "Está perto dos principais mercados consumidores brasileiros e possui infra-estrutura portuária adequada para exportação e mão-de-obra qualificada".

Além desses aspectos satisfatórios para implementação, a região foi escolhida pelas condições logísticas e a sinergia potencial com a unidade de Barra Mansa, a 50 quilômetros de distância.

A Siderúrgica de Barra Mansa vive um processo de modernização, que permitirá a ampliação da capacidade de 580 para 655 mil toneladas de produtos acabados por ano. O investimento previsto para esse projeto é de R$ 250 milhões.

"O investimento feito em Resende, somado à recente aquisição de 52% das ações da Acerías Paz del Rio Colômbia amplia o tamanho do negócio aço e faz parte da estratégia de crescimento contínuo do grupo", diz Carlos Ermírio de Moraes, presidente do Conselho de Administração da Votorantim Participações.

Quando esse planejamento entrar em operação tática, o setor de siderurgia da Votorantim Metais estará produzindo de 1,7 milhão de toneladas anuais de aço no Brasil, além de outras 300 mil na Colômbia.