Título: Para IBGE, crescimento econômico ainda não chegou ao mercado de trabalho
Autor: Grabois, Ana Paula
Fonte: Valor Econômico, 25/05/2007, Brasil, p. A2

O crescimento econômico não foi capaz de diminuir o desemprego nas seis maiores regiões metropolitanas, na avaliação do gerente da Pesquisa Mensal de Emprego do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Cimar Azeredo. A taxa de desemprego ficou em 10,1% em abril, no mesmo percentual apurado em março, e levemente abaixo do registrado em abril de 2006, de 10,4%, o que estatisticamente é visto pelo organismo como estabilidade.

"É um cenário econômico que não está aquecido o suficiente para movimentar o mercado de trabalho", disse Azeredo. "Toda melhora anunciada no cenário econômico não se refletiu no mercado de trabalho", completou o executivo do IBGE.

Para ele, o principal problema é a estagnação na geração de vagas. Em abril, o número de postos de trabalho caiu 0,3% em relação a março, enquanto o total de pessoas em busca por uma vaga recuou 0,4%. Essas variações, segundo a pesquisa feita pelo IBGE, denotam estabilidade em termos estatísticos. Em abril, eram 2,3 milhões de desempregados nas seis regiões.

"Havia uma expectativa na redução da taxa de desemprego, que permanece em dois dígitos. O mercado de trabalho deixou a desejar, foi uma situação que não deslanchou. Não aconteceu o ponto de inflexão esperado", observou Azeredo.

O único item positivo verificado foi a maior formalização, com o aumento do emprego com carteira assinada e a redução do número de trabalhadores por conta própria, especialmente em São Paulo, onde o emprego com carteira assinada subiu 1,8% e o trabalho por conta própria caiu 5,2% em relação a março.

O impacto do reajuste do salário mínimo em abril sobre a renda também ficou aquém das expectativas diante do quadro de crescimento econômico do país, na avaliação de Azeredo. O mínimo passou de R$ 350 para R$ 380 em abril, mas a renda subiu apenas 0,3% nas seis maiores regiões metropolitanas pesquisadas em relação ao mês de março. Além disso, o aumento ficou limitado ao grupo dos trabalhadores com carteira assinada, cuja renda subiu 1,8%. Os empregados sem carteira assinada tiveram queda de 1,5% em seus rendimentos, enquanto a renda dos trabalhadores por conta própria caiu 2,7%.

"Havia uma expectativa grande de que houvesse aumento da renda para quem não tem carteira devido ao aumento do salário mínimo. Esperávamos uma resposta mais rápida da indexação sobre os sem carteira", disse, acrescentando que o impacto do reajuste deve ocorrer nos próximos meses.

Em abril, também foi verificado aumento no total de pessoas consideradas sub-remuneradas - as que recebem por hora menos de um salário mínimo proporcional a uma carga de trabalho de 40 horas semanais. Devido ao aumento do mínimo, o total de sub-remunerados subiu para 20,4% do total de pessoas trabalhando, o equivalente a cerca de 4 milhões de pessoas. Em março, esse grupo representava 15,8% dos trabalhadores.

O IBGE também apurou queda de 0,4% na massa de rendimentos real na comparação com abril, correspondendo a R$ 22,5 bilhões.