Título: BNDES vê redução de desigualdade
Autor: Grabois, Ana Paula
Fonte: Valor Econômico, 25/05/2007, Brasil, p. A4

O investimento em saneamento básico é o meio mais eficaz para acelerar o desenvolvimento social do país nos próximos anos, revela o Indicador de Desenvolvimento Social (IDS), elaborado por economistas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). "Se estamos preocupados em tornar a questão social mais igual no Brasil, o investimento em água e esgoto terá o impacto mais forte", disse o chefe da Secretaria de Assuntos Econômicos do banco, Ernani Torres Filho.

O índice foi construído com base em dados de educação, saúde e renda per capita coletados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), do IBGE. O indicador, que varia de zero (pior situação) a um (melhor situação), mostra uma melhoria nas condições sociais, ao passar de 0,46, em 1995, para 0,58 em 2005.

Para o economista do BNDES, a educação e a saúde avançaram claramente no período, enquanto a renda ficou estabilizada e o sistema de saneamento de água e esgoto permaneceu deficiente. O pior item correspondeu à cobertura do serviço de esgoto sanitário nas residências, que chegou a apenas 8,3% na região Norte do país. Além de extremamente baixa em algumas áreas do Brasil, a oferta do serviço de coleta de esgoto mostra a maior desigualdade regional quando comparada aos outros itens que compõem o IDS. No Sudeste, por exemplo, a coleta de esgoto sanitário atendia 83% das residências em 2005.

Entre 1995 e 2005, o índice de desenvolvimento de saúde subiu de 0,48 para 0,64. No setor da educação, ficou em 0,51 ante 0,34. Já a renda per capita nacional permaneceu praticamente no mesmo nível - 0,59 em 2005 - depois de ficar em 0,55 em 1995. Entre os principais fatores para a melhora na situação educacional, o estudo faz referência ao aumento da média de anos de estudo da população ocupada, de 5,7 anos para 7,4 anos entre 1995 e 2005. "Isso é muito relevante, porque vai ter implicações na produtividade e na qualidade do trabalho."

O IDS mostra ainda a redução das desigualdades regionais. "Temos hoje não mais cinco Brasis, mas dois, do Sul, Sudeste e Centro-Oeste e do Norte e Nordeste", disse Torres Filho. De 1995 a 2005, o IDS do Nordeste mostrou uma forte melhora, ao passar de 0,13 para 0,30, próximo ao apurado para o Norte em 2005, de 0,36, ante índice de 0,32 de 1995. Sudeste, Centro-Oeste e Sul terminaram 2005 com índices mais elevados e próximos uns dos outros. No Sudeste, o IDS aumentou de 0,64 para 0,74; no Centro-Oeste, de 0,44 para 0,61 e no Sul, de 0,54 para 0,68.