Título: Demanda cresce 25% no mundo e atinge 74,2 GW
Autor: Capela, Maurício
Fonte: Valor Econômico, 24/05/2007, Especial, p. A16

A demanda por energia eólica no mundo tem crescido perto de 25% nos últimos dois anos. Segundo dados da consultoria Camargo-Schubert, atualmente a capacidade global eólica instalada é de 74,2 gigawatts (GW), o que equivale a pouco mais de 5 usinas hidrelétricas de Itaipu, levando em consideração sua nova capacidade de 14 GW. "O mercado eólico mundial cresceu 12 GW em 2005 e 15,2 GW em 2006", conta Odilon Camargo, sócio-diretor da consultoria.

Nesse gigantesco cenário, a Alemanha mantém a primeira posição no ranking mundial. Com 20 GW instalados, os alemães estão à frente dos Estados Unidos, com 11,7 GW, e da Espanha, dona de 11,6 GW.

Já o Brasil ocupa tímida posição, o 20º lugar. "O problema é que no país, os ventos são muito intermitentes", acredita o físico José Goldemberg, ex-secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo e ex-presidente da geradora de energia paulista Cesp.

Adão Linhares Muniz, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEE), em artigo enviado ao Valor, assegura que "as características dos ventos do Nordeste brasileiro aproximam a eficiência de uma unidade eólica da eficiência de uma hidrelétrica." Segundo Muniz, a fonte eólica tem a capacidade de complementar a energia secundária de fonte hídrica, levando em consideração a defasagem sazonal dos regimes de ventos com os regimes das vazões hídricas. "Temos muito vento no período de pouca chuva, e a situação se inverte nas estações mais úmidas", acrescenta.

Além disso, o presidente da entidade afirma que para cada 1.000 MW eólicos implantados no Nordeste haveria a possibilidade de se reduzir o consumo de cerca de 5 bilhões de m3 de água nos reservatórios da bacia do São Francisco. E isso poderia ser aplicado no período seco, entre julho e novembro.

Mas no tripé do programa de energia de fontes alternativas, formado pelas Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), eólica e biomassa, o ex-presidente da Cesp aposta mesmo é no crescimento da biomassa. E esse impulso seria puxado pelo aumento na produção das usinas de açúcar.

Sendo assim, nas suas contas, atualmente, o Estado de São Paulo já possui quase 2 mil MW que vêm do bagaço de cana, um potencial que pode ser de 5 mil MW, em 2010. "Mas há problemas", alerta. "Trata-se de uma produção sazonal e há questões de marco regulatório", completa. (MC e DC)