Título: GP compra participação no porto de Itapoá
Autor: Jurgenfeld, Vanessa
Fonte: Valor Econômico, 24/05/2007, Empresas, p. B6

O Porto de Itapoá, em construção no norte de Santa Catarina na cidade de mesmo nome, contará com novos investidores. O fundo de investimento Logística Brasil, administrado pela GP Investimentos e voltado ao setor de logística, comprou parte das ações da holding que comanda o porto, a Portinvest, controlada pelo grupo Battistella. Além disso, há negociações de venda de ações do porto para um grupo de exportadoras catarinenses. No total, 12 estão em conversações.

Hildo Battistella, da família que controla o porto, explica que foi procurado pelo fundo. Segundo ele, não houve qualquer problema com falta de recursos para obra, mas optaram pela venda de uma fatia para poder agilizar investimentos. Ele explica, por exemplo, que a entrada do fundo permitirá já em 2009, um ano após o início previsto das operações, começar a segunda etapa de investimentos em mais berços de atracação. "Prevíamos dois berços de atracação em um primeiro momento e um total de cinco depois de muito tempo. Agora, com o fundo, vamos ter cinco berços mais rapidamente, possivelmente em 2009".

O porto de Itapoá é privado, está previsto para iniciar as operações no fim de 2008, e vem sendo construído desde 2005 por uma parceria entre o grupo Battistella, que detém 70%, e a empresa Aliança Navegação/Hamburg Süd, com 30%. No total, estão previstos investimentos de cerca de R$ 320 milhões. Ele será o segundo porto privado a entrar em operação no Estado. O porto de Navegantes está em construção e deve entrar em operação ainda neste ano. Os novos portos vão concorrer pela carga de carnes, madeiras e móveis, além de embarques do setor de autopeças, têxtil e de cerâmica.

O Logística Brasil, fundo de investimentos em participações (FIP), adquiriu 40% da Portinvest por valor não revelado. O fundo foi constituído em 2006 para investimentos em projetos relacionados à logística e à infra-estrutura como armazéns, centros de distribuição, portos e gasodutos, sendo a GP Investimentos a gestora. Esse foi o primeiro investimento do Brasil Logística e o acordo foi celebrado em fevereiro, segundo fontes próximas à negociação. A GP não se pronunciou sobre o assunto.

Hildo Battistella, que deverá presidir o porto, diz que o fundo irá ajudar principalmente na "infra-estrutura pré-porto", que representam investimentos maiores até mesmo do que o porto em si, como construção de armazéns, áreas para manutenção de caminhões e áreas para instalação de empresas.

Algumas empresas exportadoras de Santa Catarina estão em negociação para terem uma participação minoritária no porto. Battistella prefere ainda não revelar os nomes porque não há contratos assinados, apenas tratativas. Ele explica, contudo, que 12 empresas estão em negociações mais avançadas, mas podem atingir um total de 20. Ele acredita que assim terá mais movimentação e conseguirá uma maior freqüência de navios e maior oferta de roteiros.

No mercado, há comentários de que se trata de uma "fatia simbólica" de exportadoras como Weg, Tupy e Embraco, todas da região norte do Estado. A Weg informou que não há qualquer acordo, já a Embraco informou que recebeu um convite neste sentido e que está avaliando, assim como a Tupy.

O conglomerado Battistella tem atividades em eletromecânica com industrialização de geradores, florestal, atuando na comercialização de madeiras e revenda de caminhões. Esse é o primeiro investimento em portos feito pelo grupo. O Itapoá está previsto para ter movimentação de 300 mil contêineres/ano no primeiro ano de operação.