Título: Transpetro avalia repetir licitação e importar aço
Autor: Góes, Francisco
Fonte: Valor Econômico, 24/05/2007, Empresas, p. B8

A Transpetro, subsidiária de logística da Petrobras, já admite ter de licitar novamente três dos 26 navios que foram ganhos, em concorrência, por quatro estaleiros nacionais. As três embarcações que deverão ser licitadas pela segunda vez destinam-se ao transporte de gás. Elas foram ganhas pelo estaleiro Itajaí (SC), controlado pela Metalnave que enfrenta dificuldades de receber novo financiamento do BNDES, para a construção dos navios, por pendências antigas com o banco.

Ontem, o presidente da Transpetro, Sérgio Machado, disse que a intenção era fechar os contratos que ainda faltam assinar até 31 de maio. Mas indicou que se houver avanços nas negociações com o BNDES o prazo será prorrogado por, no máximo, mais 30 dias. Machado disse que, caso não seja possível assinar contrato com o estaleiro Itajaí, os três navios gaseiros serão incluídos na segunda fase do Programa de Renovação da Frota da empresa, cujo edital será lançado no segundo semestre de 2007.

A segunda etapa, que inicialmente contemplaria a construção de 16 navios, foi acrescida de mais três embarcações (um superpetroleiro e dois navios para o transporte de álcool). Agora as 19 unidades podem passar para 22. Na primeira fase do programa os 26 navios foram licitados para serem construídos ao custo estimado de US$ 2,48 bilhões.

Do pacote total de navios, 19 tiveram os contratos assinados e sete unidades ainda dependem de negociações entre os estaleiros e o BNDES para saírem do papel. Além dos três gaseiros do Itajaí, há outros quatro navios, para o transporte de derivados de petróleo, pendentes de contratos. Eles foram ganhos pelo estaleiro Mauá Jurong, de Niterói (RJ), pertencente ao grupo Synergy, que também controla o estaleiro Eisa, no Rio.

O Synergy enfrentou problemas com o BNDES para obter empréstimo para os novos navios, por força de operações passadas do Eisa. Machado disse que as negociações com o Mauá Jurong estão bem encaminhadas. Uma fonte que acompanha as discussões com o banco afirmou que a assinatura dos contratos com o Mauá Jurong é uma questão de tempo. Já com o Itajaí a tendência é de que os navios tenham mesmo de serem licitados de novo, a não ser que surja um fato novo, como a entrada de um novo acionista no estaleiro, disse a fonte. O Valor procurou o Metalnave mas não teve retorno.

O presidente da Transpetro também disse que os estaleiros podem ser obrigados a importar o aço para a construção dos navios caso as siderúrgicas brasileiras não vendam o produto pelo preço de exportação. Segundo Machado, as siderúrgicas vendem a chapa grossa no mercado interno por preços entre 20% e 40% mais caros do que na exportação. Ele afirmou que os estaleiros terão que começar a comprar o aço nos próximos seis meses.

Machado acrescentou que a Transpetro está fazendo estudo do mercado mundial de aço analisando oportunidades de compra em países como China, Coréia, Rússia, Japão e Polônia. Ao mesmo tempo a Transpetro negocia, em nome dos estaleiros, com Usiminas-Cosipa e CST. Ele reconheceu que a importação de aço, se concretizada, vai reduzir o índice de nacionalização dos navios, fixado em 65%. "Se a indústria naval tiver que comprar o aço por um preço mais caro não poderá ser competitiva."