Título: Exportação de algodão aumenta, mas dólar preocupa
Autor: Lopes, Fernando
Fonte: Valor Econômico, 24/05/2007, Agronegócios, p. B11

Impulsionadas por preços internacionais atraentes, as exportações brasileiras de algodão em pluma deverão aumentar cerca de 60% em 2007, mas a continuidade desse forte ritmo de crescimento já é ameaçado pela contínua desvalorização do dólar em relação ao real.

Segundo a Conab, os embarques da pluma produzida no país alcançaram 304,5 mil toneladas na safra 2005/06 e deverão subir para 470 mil em 2006/07. A Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea) prevê vendas externas de 430 mil toneladas neste ano, enquanto a Associação Mato-grossenses dos Produtores de Algodão (Ampa), mais otimista, estima 500 mil.

"Só de pluma do Mato Grosso há cerca de 350 mil toneladas contratadas para exportação neste ano, 100 mil a mais que em 2006. O Brasil vai superar a Austrália e se tornar o terceiro maior exportador do mundo em 2007, atrás apenas de China e Estados Unidos", diz Sérgio De Marco, presidente da Ampa e da Câmara Setorial de Algodão e Derivados.

No Mato Grosso, informa, há 400 mil toneladas contratadas para embarque em 2008. Os avanços têm sido alavancados pelas compras da Ásia. Para a Indonésia, por exemplo, a expectativa é que as vendas cresçam 35% neste ano, para 60 mil toneladas. Japão, Coréia e Taiwan também têm apresentado demandas crescentes pelo algodão brasileiro

O problema, diz, é que apesar de os preços na bolsa de Nova York "estarem excelentes", o câmbio deixará aos produtores mato-grossenses margens negativas nesta safra 2006/07, cuja colheita estadual começa nos próximos dias.

Sendo assim, raciocina, é difícil prever se o incremento do plantio no Mato Grosso em 2006/07 terá prosseguimento em 2007/08, até porque parte desse avanço foi sobre áreas de soja, cujas cotações reagiram significativamente no exterior do ano passado para cá. Em 2006/07, o plantio mato-grossense de algodão ocupou 570 mil hectares, 30% a mais que em 2005/06. A produção deverá chegar, conforme De Marco, a 680 mil toneladas, também cerca de 30% acima do ciclo anterior. "Mas, dependendo do câmbio, poderemos ter uma redução de até 25% na área do Estado em 2007/08".