Título: Vencimento de prefixados piora o perfil da dívida interna em abril
Autor: Galvão, Arnaldo
Fonte: Valor Econômico, 23/05/2007, Finanças, p. C2

O estoque da Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi) aumentou 0,77% em abril, chegando a R$ 1,151 trilhão. Segundo o Tesouro, a apropriação de juros foi de R$ 10,8 bilhões. Como abril é um dos quatro meses do ano que concentra vencimentos de papéis prefixados, ocorreu ligeira deterioração do perfil da dívida interna, com queda da participação desses papéis, aumento da parcela ligada à taxa básica de juros Selic (36,53% para 37,02%) e crescimento da dívida de curtíssimo prazo (vencimento em até 12 meses). Por outro lado, aumentou a parte dos papéis vinculados a índice de preços e cresceu 0,81 mês o prazo médio da dívida interna.

Considerando as operações de swap cambial (troca de rentabilidade) realizadas pelo Banco Central, a composição da DPMFi, em abril, teve aumento da participação de títulos ligados à Selic, de 38,75% (abril) para 39,57%. Essas operações de swap representaram, no mês passado, estoque de R$ 29,34 bilhões em títulos vinculados à Selic. Em março, essa posição era de R$ 25,32 bilhões.

O coordenador geral de Operações da Dívida Pública do Tesouro, Guilherme Pedras, comentou que o fato de abril ser cabeça de trimestre eleva naturalmente a participação dos papéis ligados à Selic em relação aos prefixados. Mas afirmou que 2007 será encerrado com os prefixados tendo um peso maior que os títulos ligados à taxa de juros. O intervalo previsto no Plano Anual de Financiamento (PAF), para os prefixados, vai de 37% a 43%. Em abril, esses papéis representaram 36,17% do total. O plano também estabelece que os títulos ligados à Selic, que estão em 37,02%, podem ter participação entre 29% e 36%.

Com relação aos títulos ligados a índice de preços, Pedras afirmou que a participação de abril (23,32%) está muito próxima ao piso do intervalo do PAF: entre 23% e 27%.

O coordenador informou que o leilão de ontem teve boa demanda por NTN-B, permitindo ao Tesouro pagar taxas muito interessantes para os papéis com vencimento em 2012 (6,12%) e 2017 (5,87%). Isso fez com que não fossem vendidos os de 2009. "Essa queda na taxa das NTN-B reflete o otimismo do mercado com os bons fundamentos da economia. O 'upgrade' veio reforçar essa confiança." No leilão de ontem, as NTN-B com vencimento em 2024 tiveram taxa de 5,85%, pouco acima dos papéis de 2035 (5,84%) e 2045 (5,82%).

O Tesouro também divulgou ontem, a partir de informações da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que a participação dos estrangeiros na dívida interna foi de 3,56% em março. Um ano antes, ela era de 1,93%. Essa participação, em março, corresponde a R$ 40,7 bilhões referentes a títulos públicos (diretamente e em fundos de investimento). Naquele mês, os estrangeiros também tinham posição de R$ 45,6 bilhões em renda fixa.

Segundo o Tesouro, o custo médio da DPMFi reduziu-se de 13,02% ao ano (março) para 12,86% ao ano em abril. A causa dessa queda foi atribuída à menor variação da taxa Selic - 0,94% em abril, contra 1,05% em março -, do IPCA (0,25% em abril e 0,37% em março) e do IGP-M (0,04% em abril e 0,34% em março).

As emissões da DPMFi, em abril, foram de R$ 53,1 bilhões. Desse total, R$ 30,4 bilhões (57,2%) em prefixados, R$ 13,5 bilhões (25,46%) em papéis ligados a índice de preços e R$ 9 bilhões (16,92%) em títulos vinculados à Selic.

Os resgates da dívida interna, em abril, totalizaram R$ 55 bilhões, sendo R$ 40,6 bilhões de vencimentos do mês, R$ 14,1 bilhões de operações de compra e troca e R$ 300 milhões de cancelamentos. Houve, no mês passado, resgate líquido de 13,3 bilhões de prefixados, decorrentes dos R$ 30,4 bilhões (57,2%) das emissões e R$ 43,7 bilhões (79,35%) dos resgates em abril.