Título: Toyota ainda avalia áreas para nova fábrica no país
Autor: Olmos, Marli
Fonte: Valor Econômico, 23/05/2007, Empresas, p. B6

A área que a Toyota procura para construir a sua segunda fábrica brasileira tem que ter um terreno grande, fácil acesso a um município grande, boas condições de logística e ser fonte de mão-de-obra. Foi o que revelou ontem o presidente da Toyota no Brasil e Mercosul, Shozo Hasebe, depois de contar que ele já visitou quatro estados para avaliar as áreas com potencial para o investimento.

O novo carro que a Toyota quer fabricar no Brasil, segundo Hasebe, é, de fato, um compacto e seguirá o plano de veículo de baixo custo, um projeto que a matriz vem perseguindo com assiduidade nos últimos tempos. O executivo japonês, que assumiu o comando do Mercosul há um ano, aceitou discutir o assunto com um pouco mais de detalhamento depois de ter passado pela questão vagamente em uma entrevista coletiva concedida poucos minutos antes.

Durante a entrevista, que marcou a entrada da Toyota no segmento de carros com motor bicombustível, Hasebe chegou a dizer que precisaria perguntar sobre o investimento à matriz, no Japão, para saber mais detalhes. De toda a forma, o executivo garante que a decisão ainda não está tomada.

Discreto, mas atento a tudo, Hasebe tem um comportamento que segue a linha da cultura japonesa, característica da Toyota. Ele ainda não se arrisca a dar respostas em português, mas demonstra, com sorrisos, entender o que o interlocutor fala. O executivo disse que não gostaria de citar o nome das cidades que disputam o futuro investimento. E revelou que não só ele como os demais executivos da montadora têm recebido com freqüência telefonemas de autoridades de diversas regiões do país para tratar do investimento.

Ele já descartou, porém, a possibilidade de o projeto do novo carro ir para a área onde a montadora tem a fábrica do Corolla, em Indaiatuba (SP). "Atrás da fábrica de Indaiatuba há um morro grande, o que impede a construção de uma nova fábrica", disse, confirmando, assim, que o projeto destinado ao Mercosul é uma investida ousada da montadora que acaba de desbancar a General Motors de uma liderança mundial de 73 anos.

Mas, ao mesmo tempo em que ensaia uma estratégia ousada, a Toyota mantém o estilo de não tomar ou adiar decisões com base em simples oportunidades de mercado. Hasebe disse ontem que nem a valorização do real e nem tampouco a chegada de montadoras chinesas e indianas no Mercosul vão "atrapalhar o movimento da empresa" na região.

Tudo nessa companhia continua meticulosamente planejado. E lento. Há tempos a montadora vem dizendo que gostaria de chegar em 2010 com 10% das vendas de carros no Brasil. A menos de três anos da data, sua fatia ainda está em 3,8%. "Eu não jogaria essas fichas fora", afirma Luiz Carlos Andrade, o brasileiro que ocupa a vice-presidência da Toyota no Mercosul, a quem duvida que a companhia consiga alcançar a meta.

Enquanto o carro novo não chega, a Toyota se prepara para lançar uma versão mais atual do Corolla. No Japão, esse automóvel já está na décima geração. Mas no Brasil ainda é produzida a nona geração. A fábrica de Indaiatuba receberá adaptações para receber a décima geração, que será lançado em 2008. Esses ajustes prejudicarão o ritmo da produção, num mercado que cresce e no qual há hoje fila de espera para a compra do Corolla.