Título: Para Gerdau, logística é o obstáculo da China
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 31/05/2007, Empresas, p. B8

Apesar da alta carga tributária, as siderúrgicas brasileiras estão conseguindo ser competitivas com as usinas da China, Rússia e Índia, parceiros do Brasil nos chamados BRICs. Essa é a opinião de Jorge Gerdau Johannpeter, presidente do conselho de administração do Grupo Gerdau, que coordenou um painel sobre as tendências da siderurgia mundial com representantes destes países durante o 20º Congresso Brasileiro de Siderurgia.

"A Rússia, Índia e China não sofrem com uma carga tributária que limita o desenvolvimento de suas usinas, como acontece conosco. No ano passado, a carga tributária representou 38,5% do PIB (Produto Interno Bruto), mas ainda assim investimos em melhora da produtividade e redução de custos o que nos torna competitivos diante desses gigantes", disse.

Com uma produção de 417 milhões de tonelada de aço no ano passado, a China tem como principal entrave em seu mercado doméstico o sistema de logística. "O sistema ferroviário chinês é caótico. É necessário esperar semanas para conseguir realizar um desembarque e mais outras semanas para fazer o embarque dessa carga que chegou", explicou Markus Taube, diretor do Instituto para Estudos do Leste Asiático, da Universidade de Duisburg, na Alemanha.

"Já com as exportações, a China não enfrenta esse problema, uma vez que os embarques são feitos por via marítima", lembrou Gerdau. A previsão é que o país asiático exporte 60 milhões de toneladas de aço em 2007, o que representa um aumento de 40% em relação ao verificado no ano passado, de acordo com dados do Instituto Internacional do Ferro e Aço (IISI).

Na Índia, outro grande player do mercado, o problema gira em torno da informalidade das siderúrgicas. "Há muitos empreendimentos pouco profissionalizados na Índia, com casos em que, por exemplo, até dois anos atrás o proprietário trabalhava no ramo de sapatos. Como a siderurgia é a onda do momento, eles migraram para esse setor. Mas, o governo local está tentando barrar esse tipo de atuação e com isso essas empresas secundárias devem desaparecer do mercado nos próximos anos", contou Hans-Jörn Weddige, diretor do Projeto Índia 2020 do IISI.

Na Rússia, há uma concentração de quatro grupos siderúrgicos, que detém cerca de 85% do mercado de aço bruto. Por conta dessa concentração, o governo russo não tem permitido a fusão ou aquisição de empresas locais. Diante desse cenário, as usinas russas estariam procurando crescer por meio de iniciativas no exterior. (BK)