Título: Corrupção afeta, mas investment grade pode vir em 3 anos, diz S&P
Autor: Grabois, Ana Paula
Fonte: Valor Econômico, 01/06/2007, Finanças, p. C2

O Brasil deve receber o grau de investimento em um prazo de um a três anos pela agência de classificação de risco Standard & Poor's. "O Brasil hoje tem uma perspectiva positiva e está a um degrau do investment grade. O Brasil está num círculo virtuoso; fazendo o que está fazendo, vai chegar lá. Pode ser de um a três anos", disse a presidente da S&P no Brasil, Regina Nunes, após participar de seminário sobre o mercado de seguros, promovido pela agência no Rio.

"O timing depende do desempenho dos indicadores, do compromisso do governo. Para chegar ao grau de investimento, não existe uma fórmula específica, depende de um conjunto de indicadores. Com a continuidade da tendência de queda da relação dívida/PIB e de sinais para reforçar essa tendência o país pode chegar ao grau de investimento", acrescentou a diretora de avaliação de riscos soberanos da S&P, Lisa Schineller.

Para ela, a questão do tamanho da dívida interna é um fator limitante, mas não é necessário ter uma "situação fiscal perfeita". "É preciso mais sinais de um compromisso para manter a tendência de que o nível de gastos vai ser contido no futuro para uma contínua queda da dívida no médio prazo", disse Lisa.

Regina Nunes ressalta que a melhor avaliação vai depender não somente da situação fiscal ou monetária, mas principalmente da capacidade do país desburocratizar a economia e diminuir a ineficiência do Estado, favorecendo o ambiente aos investimentos.

Atualmente, o Brasil está classificado pela S&P como BB+ em moeda estrangeira e BBB- em moeda local. Desde 2002, o risco Brasil recebeu sete melhoras da agência.

A S&P não vê necessariamente como algo negativo a série de escândalos de corrupção no país, embora reconheça que se o Brasil conseguisse resolver o problema, poderia alcançar o grau de investimento mais rapidamente. "A agência de rating certamente se preocupa com isso e, no caso brasileiro, talvez hoje vemos mais escândalos. Aparecem coisas que existiam, isso não quer dizer que é pior do que era", afirmou Regina Nunes. "A S&P não vai ver como mal você ter um julgamento de uma corrupção", acrescentou

Para a analista Lisa Schineller, os casos de corrupção ocorridos no primeiro mandato do governo Lula não chegaram a alterar variáveis importantes observadas pela agência. "Não houve nenhum impacto no compromisso das políticas do governo, na independência operacional do Banco Central e nas metas fiscais", disse.