Título: São Paulo e Amazonas lideram retomada industrial
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 17/01/2005, Opinião, p. A8

Pelo quarto mês consecutivo, a produção da indústria cresceu, em novembro último, em todas as regiões e em todas as comparações, segundo a pesquisa divulgada na semana passada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mais interessante do que o resultado isolado de um mês é a avaliação sobre o desempenho dos Estados no decorrer do ano passado, em que se evidencia o papel fundamental desempenhado em 2004 pelos setores produtores de bens de consumo duráveis e bens de capital, com aumento de produção acima da média explicado pelo crescimento da oferta de crédito e pelo maior volume de investimentos produtivos. Além disso, foi novamente comprovada a dependência do Rio de Janeiro da indústria do petróleo - qualquer variação na sua produção afeta fortemente o desempenho do Estado, sendo que no ano passado esse impacto foi negativo. A liderança do desempenho regional no ano passado, até novembro, foi do Estado do Amazonas - com uma expansão de 12,9% em comparação com 2003 -, com destaque para a produção de televisores e de telefones celulares, e do Estado de São Paulo, onde o aumento de 11,9% é sustentado, em grande parte, pela produção das indústrias automobilística, de máquinas e equipamentos e de material eletrônico e equipamentos de comunicações. O detalhamento dos dados levantados pelo IBGE mostra que o setor industrial de São Paulo teve, em novembro, aumento na produção de 10,2% em relação a novembro de 2003; 11,9% no acumulado no ano e 11,4% nos últimos doze meses. O crescimento de 10,2% na comparação com novembro de 2003 refletiu o comportamento positivo de 15 dos 20 ramos pesquisados. Os que mais influenciaram foram: material eletrônico e equipamentos de comunicações (57,9%), veículos (21,3%) e máquinas e equipamentos (24,7%) impulsionados, principalmente, pelo aumento na produção de equipamentos de telefonia e celulares; automóveis e peças para motores; e elevadores e transportadores de mercadorias e rolamentos. Como ocorre também no caso do Amazonas, boa parte desses segmentos obtém parcela relevante do seu faturamento das vendas ao exterior - apesar da retomada do mercado interno, as exportações ainda foram o carro chefe do crescimento econômico no ano passado. No caso específico de São Paulo, a constatação de especialistas é de que o Estado é um dos primeiros a ser influenciado pelas variações de tendência do nível de atividades - lidera tanto os processos de desaceleração como de recuperação da economia. Já a produção industrial do Amazonas registrou crescimento de 15,8% no índice mensal; 12,9% no acumulado no ano e 12,4% no acumulado nos últimos doze meses. Como se poderia esperar diante das características únicas da Zona Franca de Manaus, a indústria de material eletrônico e equipamentos de comunicações apresentou a principal contribuição positiva nestes três indicadores. Em relação a novembro de 2003, oito dos onze segmentos pesquisados apresentaram resultados positivos. Em função do aumento na produção de telefones celulares e televisores, a indústria de material eletrônico e equipamentos de comunicações (29,9%) foi a principal responsável pelo resultado global. Vale mencionar também as influências de edição e impressão (35,3%) e de outros equipamentos de transporte (7,9%), cujos respectivos destaques foram reprodução de fitas de vídeo e fabricação de motocicletas. Por outro lado, os principais impactos negativos na formação da taxa da indústria geral vieram de alimentos e bebidas (com queda de 3,1%) e equipamentos médico-hospitalares, ópticos e outros (4,5%), em razão, respectivamente, das quedas observadas na fabricação de preparações em xaropes para elaboração de bebidas; farinha de trigo; lentes para óculos e relógios de pulso. Vale ressaltar que no indicador acumulado para o período janeiro-novembro de 2004, Ceará (11,2%), Santa Catarina (11,1%), Pará (10,6%), Bahia (10,0%) e Paraná (9,5%) tiveram aumento superior à média nacional (8,3%). Já a região Nordeste (7,5%), Goiás (6,9%), Rio Grande do Sul (6,7%), Minas Gerais (6,3%), Pernambuco (5,4%), Espírito Santo (4,6%) e Rio (2,2%, o pior desempenho) tiveram resultados abaixo do observado no país. O IBGE observa que os índices da indústria fluminense continuam abaixo da média nacional em todas as comparações, sendo que a indústria extrativa, depois de um resultado positivo em outubro, volta a registrar queda (1,6%), sendo influenciada, sobretudo, pela parada para manutenção de plataformas de extração de petróleo. A indústria de transformação, por sua vez, cresce 4,8%, o sétimo resultado positivo consecutivo neste tipo de comparação, mas ainda assim abaixo da média nacional.