Título: Interesse de investidor reduz os "spreads" dos emergentes
Autor: Moreira, Assis
Fonte: Valor Econômico, 11/06/2007, Finanças, p. C3

O Banco de Compensações Internacionais (BIS), o banco dos bancos centrais, constata percepção otimista dos investidores em relação aos mercados emergentes, diante do desempenho econômico positivo e controle fiscal elevado dessas economias.

Os investidores internacionais mantêm forte apetite por risco, fazendo com que os "spreads" de economias emergentes como o Brasil tenham ficado inferiores aos demandados a empresas americanas de categoria equivalente.

Em seu relatório trimestral sobre a atividade bancária internacional, o BIS publica também estudo sobre os títulos públicos no Brasil, assinado pelos economistas André Amante e Márcio Araújo, do Banco Central do Brasil, e Serge Jeanneau, do BIS.

Eles destacam que a manutenção de amplos superávits fiscal e a valorização da moeda derrubaram a dívida líquida para R$ 1,1 trilhão, ou 45% do PIB no final de 2006, com impacto na percepção dos investidores sobre o risco do país.

O Brasil é de longe o maior mercado de títulos da divida pública na América Latina, mas ainda tem espaço para melhorar a liquidez no "cash market'', avaliam os economistas.

O volume é relativamente baixo de transações no mercado secundário, inclusive por parte de investidores internacionais. O volume diário no "cash market" representou apenas 1% a 2% do estoque total da dívida pública nos últimos anos. Em comparação, o movimento nos Estados Unidos, o mercado mais líquido no mundo, é de 14% do estoque. As transações do mercado brasileiro de títulos públicos também é menor do que no México, onde a atividade diária chega a 4% do total.

Nos mercados emergentes, o México é de longe o mais ativo mercado secundário, enquanto o Brasil é um dos menos ativos. Isso apesar da baixa volatilidade desse mercado.

O estudo destaca progressos ocorridos no país para assegurar mais estabilidade macroeconômica e financeira. Cita a redução da inflação, consolidação fiscal, controle da dívida acumulada e mudança para um regime cambial mais flexível, que permitiram ao país reforçar seu mercado doméstico de dívida pública.

Os economistas estimam, sobretudo, que a redução da dívida indexada em dólar eliminou uma fonte potencial de vulnerabilidade da parte fiscal, enquanto o movimento para taxa fixa da dívida ajudou a reduzir os juros e refinanciar riscos, e portanto diminuindo o "stress" financeiro em caso de choques externos.

Apesar dessa evolução, o estudo nota que a grande parte da maturação da dívida em um ano (36% do total) indica que o Brasil continua exposto a maior taxa de juros de curto prazo e refinanciamento de riscos.