Título: Discussão sobre Doha esquenta na Alemanha
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Fonte: Valor Econômico, 06/06/2007, Internacional, p. A15

A poderosa federação das indústrias alemãs levantou o tom ontem, ao dizer que é preferível não ter acordo nenhum na Rodada Doha do que um acordo que corte pouco as tarifas de importação de produtos industriais em emergentes como o Brasil e a Índia.

Hoje à tarde, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva receberá diretores da Thyssen-Krupp Steel e Mercedes Benz, mas certamente não será para abordar a rodada de comércio. Em contrapartida, Doha estará no centro de reunião bilateral com o presidente George W. Bush, ainda a ser confirmada para a sexta-feira em Heiligendamm.

Ontem, o comissário europeu de comércio, Peter Mandelson, conclamou os líderes do G-8 e dos emergentes, que participam da reunião na Alemanha, a fazer um esforço adicional para concluir Doha. Disse temer que questões políticas estariam conduzindo negociadores "a endurecer suas posições, ao invés de oferecer compromisso e flexibilidade".

Certos negociadores em Genebra entenderam isso como uma flecha em direção do Brasil, depois que o ministro Celso Amorim passou a defender mais vigorosamente um corte menor de tarifa industrial, diante da modéstia da redução proposta por Washington para seus subsídios domésticos agrícolas. No entanto, entre a própria indústria brasileira a mensagem clara é que o Itamaraty tem o apoio para fechar um entendimento.

A Rodada Doha será discutida pelos líderes do G-8 amanhã à noite. Na sexta-feira, eles voltam a discutir a liberalização, agora junto com Brasil, China, México, índia e África do Sul, além do diretor-geral da OMC, Pascal Lamy.