Título: Raios, crocodilos e até cachorros são mais perigosos
Autor: Mandl, Carolina
Fonte: Valor Econômico, 06/06/2007, Empresas, p. B2

O que é mais provável: morrer vítima de um raio, de um crocodilo, de mordida de cachorro ou de um tubarão? De acordo com pesquisas feitas pelo International Shark Attack File, uma área do Museu de História Natural da Flórida especializada em coletar dados sobre tubarões, o risco de uma fatalidade com o rei dos mares é a menor de todas.

Os números valem apenas para os Estados Unidos, mas indicam que os tubarões podem ser menos assustadores do que se pensa. De 1959 a 2005, só na região costeira dos Estados Unidos morreram 1.896 pessoas vítimas de raios. No mesmo período, foram 23 mortes por tubarão.

"Talvez as pessoas tenham em mente aquela imagem hollywoodiana do filme de Steven Spielberg sobre o tubarão", diz Alexandre Carvalho, presidente do Instituto Oceanário, entidade sem fins lucrativos responsável por ações educativas em Pernambuco. Para desmistificar o temor do animal e ensinar os cuidados que devem ser tomados em áreas onde ele está presente, Carvalho vai às praias aos fins de semana e feriados com uma equipe de cerca de 40 instrutores e policiais da brigada ambiental.

Nas areias, distribuem folhetos que mostram quais são os trechos mais perigosos na região metropolitana do Recife e como e quando se deve tomar banho de mar. "Não existe nenhum problema em entrar na água, desde que se obedeçam certas regras. Esse é um problema de convivência", explica Carvalho.

Desde 2004, quando a ação teve início, foram distribuídos mais de 900 mil folhetos. Além disso, uma tenda na praia traz arcadas de tubarões, livros e cartazes sobre a vida do animal.

O esforço do Instituto Oceanário não é único no Estado para tentar mudar a imagem do tubarão. Fred Martins, professor e consultor de turismo, faz parte das estatísticas de ataque de tubarão. Em 1994, estava surfando em Boa Viagem quando teve o pé esquerdo decepado. Agora, busca incentivar a boa relação entre o peixe e os banhistas. "Não tem motivo para ser inimigo do animal. Que culpa ele tem se mexemos no ambiente dele?"

Na faculdade onde dá aulas, Martins incentiva um grupo de alunos e desenvolver projetos que integrem os tubarões nas atividades turísticas da cidade. Também tem sugerido aos governos municipal e estadual que seja erguido um oceanário na cidade, mostrando quais são as reais características do tubarão. (CM)